A vida pós-covid

A vida pós-covid

Estive pensando sobre como estaremos daqui a um ano, quando o tsunami da Covid-19 efetivamente passar. Quando retomaremos o que se convencionou chamarmos de vida normal.

Do ponto de vista econômico, milhares de empregos sumiram, milhares de empresas simplesmente fecharam. O governo aprovou, em maio de 2020, um orçamento de guerra que chegou a 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB) — R$ 750 bilhões — para o combate à pandemia. Chegamos ao fim de abril sem aprovar o orçamento de 2021, que prevê um déficit acima dos R$ 274 bilhões.

Do ponto de vista social, estamos vendo um avassalador empobrecimento da população. O Brasil deixou quase 20 milhões de brasileiros abaixo da linha de pobreza. Na educação, assistimos a uma quantidade enorme de alunos que, para estudar, precisavam de computadores e acesso à internet. Nas suas casas, o máximo que dispunham era um telefone sem os recursos mínimos para estudar. Tínhamos até os professores dando aulas on-line com nenhum aluno assistindo.

Na saúde, do excesso de cloroquina à falta de oxigênio, assistimos, impassíveis, a brasileiros morrendo todos os dias. Outras doenças tiveram o atendimento suspenso e os pacientes ficaram sem os cuidados necessários, como se fosse possível adiar o tratamento de um câncer, realizar um transplante e tratar uma comorbidade. Nas relações humanas, a ausência de encontros, a solidão dos mais velhos que ficaram ainda mais vulneráveis. Tempos sombrios que o novo coronavírus nos trouxe.

Diante de tudo isso, podemos tratar de um apagão que certamente vai demorar bem mais que um ano para ser consertado, organizado. Não sendo otimista, nem pessimista, mas avaliando o estrago feito, especialistas sugerem dez anos para fechar essa conta.

Nós, individualmente, o que podemos fazer? Como podemos nos ajustar a esses novos modelos? O excesso não terá mais espaço nesse novo mundo. Precisaremos observar e valorizar o que realmente tem valor e importância e pensar muito sobre o que esses tempos dizem sobre cada um de nós.

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