Viver a aprender

Viver a aprender

Sempre gostei de Filosofia. Ainda pretendo fazer um curso de graduação nessa área e espero conseguir conciliar os compromissos diários com essa possibilidade. Enquanto isso, sempre que posso, leio sobre o assunto para entender um pouco mais sobre a humanidade.

Acredito que conhecer a história da filosofia e do pensamento de grandes homens que buscaram entender a alma humana pode nos mostrar caminhos que muitas vezes estão obscurecidos pelos tempos modernos.

Um dos filósofos contemporâneos que li recentemente foi o Luc Ferry. Dois livros dele, por serem bem didáticos e relativamente fáceis de ler, servem para uma boa reflexão. O primeiro é “Aprender a Viver”, que faz um panorama da história do pensamento ocidental.
 
Durante uma viagem de férias, amigos propuseram que Ferry improvisasse um curso em que respondesse a algumas perguntas de forma clara. O que é a filosofia e para que ela serve, por exemplo, seriam questões a serem esclarecidas. Enquanto o filósofo elaborava o curso, percebeu que não havia nas livrarias um texto que equivalesse ao que ele construía. Tratada como uma iniciação à filosofia, a obra aborda as mais importantes ideias da história do conhecimento. Vale a leitura para ter um panorama completo sobre o desenvolvimento do pensamento ao longo dos anos e como toda essa evolução está na base dos conflitos que encontramos hoje.


Precisamos, fundamentalmente, refletir sobre o que nos acontece e sobre tudo aquilo que temos à frente para, de alguma forma, administrar as dificuldades


Outra questão bem atual abordada por Ferry está no livro “Sete maneiras de ser feliz – Como viver de forma plena”. Ao contrário do que o título sugere (uma mera obra de autoajuda), a publicação é profunda e aborda questões caras ao desenvolvimento humano, como a felicidade — e sua antinomia.

Tudo aquilo que nos deixa imensamente felizes pode, em caso de falta, deixar-nos irremediavelmente tristes. Refletir sobre isso pode fazer com que avancemos no trato às questões humanas.

Um grande amor, por exemplo: quando o encontramos, sentimos uma felicidade irradiante, mas, se perdemos, sofremos uma tristeza quase irreparável. É o tipo de sentimento que, em determinado momento da vida, eventualmente teremos que administrar.
Sempre tive a convicção de que o conhecimento é o mais forte aliado para lidarmos melhor com as questões que vivenciamos no mundo, das mais fáceis às mais difíceis. Precisamos, fundamentalmente, refletir sobre o que nos acontece e sobre tudo aquilo que temos à frente para, de alguma forma, administrar as dificuldades.

Tenho para mim que a Filosofia pode ser uma grande porta aberta à melhor qualidade de vida. É certo que refletir sobre o que nos acontece pode não apenas apontar caminhos, mas, também, criar contestações internas que abram espaço para reflexões profundas e, de repente, passem a “dar mais trabalho”. 

A questão que se coloca é o que estaríamos fazendo nessa vida se não tivéssemos, no mínimo, alguma curiosidade sobre essa condição. Questões complexas ou pequenas dúvidas diárias podem propor novos significados à nossa existência. Mesmo sem respostas conclusivas, o que vale é viver a aprender. 

Compartilhar: