A globalização cultural do Beirut

A globalização cultural do Beirut

Todos os dias quando acordo, antes mesmo de sair da cama, o que penso é: o que ouvir hoje? Eu nem sempre tenho resposta pra esta pergunta. E às vezes fica difícil escolher uma entre tantas opções – boas e ruins.

Então, decidi criar esta categoria dentro do Blog. Daí mudei a pergunta: O que você, caro leitor, me indicaria pra ouvir hoje?

É simples: Você responde, indica um álbum que seja o teu favorito, eu ouço, escrevo a minha impressão sobre o que ouvi e pronto. Assim os outros leitores poderão ter a mesma experiência. Acho válida essa troca.

O meu primeiro voluntário [rs] é meu amigo, jornalista e produtor, Bruno Moreira. Temos sempre altos papos sobre música e também cinema. Às vezes concordamos, às vezes discordamos - que é a parte que mais gosto. Mesmo assim nunca deixamos de falar de música.

Enfim, ele me indicou “Gulag Orkestar”, álbum de 2005, lançado pelo jovem maestro multi-instrumentista Zach Condon.

O álbum saiu com o nome de Beirut, hoje uma banda/orquestra bem estruturada, mas bem enigmática, na minha opinião. No entanto, uma curiosidade, é que todas as músicas do CD foram gravadas somente por Zach Condon, em seu quarto, em Albuquerque, Novo México.

Só após o lançamento do álbum, em 2005, é que o músico conseguiu o respeito para montar a sua própria banda/orquestra.

Primeiro contato
A primeira vez que os ouvi, se bem me lembro, foi na MTV. A música era “Elephant Gun”, que ficou conhecida após integrar a trilha da minissérie Capitú (2008), da Rede Globo. Juro que não vejo novelas [rs] e, inicialmente, eu não gostei da música. Mas, achei a instrumentalização e os arranjos de “Elephant Gun” bem legais. Como é de costume, deixei anotado no rodapé de uma das minhas agendas e, tempos depois, quando já havia esquecido, folheei meu caderno e em meio a vários rabiscos estava: “Pesquisar Beirut”.
Beirut
Percebi que Beirut, mesmo com uma proposta bem diferente, pra mim era uma das melhores bandas (ou orquestra), que havia surgido.

Em “Gulag Orkestar” Zach Condon, o gênio multi-instrumentista à frente do Beirut, é pura simplicidade, emoção e saudosismo. Acho que é por isso que a banda atrai tanta atenção pra si.

Gulag Orkestar - 2005Vamos ao Gulag Orkestar
O álbum foi gravado em 2005 em Albuquerque, Novo México. Durante as gravações os instrumentos foram todos tocados por Zach Condon em seu quarto.

O CD não me atraiu inicialmente. Por ter sido algo inusitado demais pra mim na época. Mas me conquistou com o tempo pelo conjunto da obra. Sobre o estilo da banda, o próprio compositor disse, em entrevista ao “O Globo”, no dia 14/07/09: “Gosto de dizer que fazemos música folk que nunca existiu. Música folk que não pertence a um lugar específico. Nós a inventamos”. Acho que foi por isso que não gostei inicialmente [rs].

Pra entender
Condon é do Novo México, um lugar com muita influência de imigrantes, principalmente latinos. O que levou Condon a assumir que sempre se sentiu deslocado em seu próprio lar.

Ainda em entrevista ao “O Globo”, revela sua atração pelo Brasil e pela França. Condon pontua ainda que, depois da França e dos Estados Unidos, o Brasil é o país mais importante para ele. Tanto que revelou ser fã do Tropicalismo. E ouve Jorge Ben Jor, Os Mutantes, Os Novos Baianos e Caetano Veloso. Chegando a fazer uma versão para “Leãozinho”, do cantor baiano.

O multi-instrumentista Zach Condon é fã de música brasileiraPara entender o primeiro álbum de Zach Condon, é importante saber que o jovem maestro abandonou os estudos e aos 16 anos viajou pela Europa, mais precisamente à França, e em suas andanças teve contato com sonoridades que deram o tom para o seu primeiro álbum.

A sonoridade do Beirut reúne um som ao estilo de fanfarras e músicas ciganas estrangeiras do leste Europeu. É assim: um emaranhado de estilos com a proposta de globalização cultural. Indico, com toda certeza, para quem goste de estilos musicais diferentes e indefinidos [rs]. Sobre o "Gulag Orkestar" adianto: é um álbum com poucas letras, com ênfase na instrumentalização. Pode soar cansativo, mas não desista, pois é um bom álbum mesmo! Chamo atenção para a faixa quatro do disco, intitulada “Postcards from Italy”, uma das músicas com a maior letra [rs].

Por que ouvir?
Na opinião de Bruno Moreira o que lhe chamou a atenção para o primeiro álbum do Beirut foi a própria proposta da banda: de ser um resgate às orquestras de rua. Eu diria que, além disso, o álbum tem uma energia boa, apesar de ter uma sonoridade carregada de saudade. Combina com café e Machado de Assis.

“Há uma presença marcante dos metais que pontuam as melodias. Gosto da simplicidade e homogeneidade do álbum completo. Acho que, mais do que tudo, "Gulag" traz à luz um estilo de música próximo do estilo clássico. Uma proposta muito diferente do que se ouve hoje em dia”. O jornalista destaca a faixa-título do álbum. “Gulag Orkestar é a mais tocante e ainda conta com elementos que parecem ter sido extraídos das trilhas sonoras do Ennio Morricone”, conclui.

Clique aqui e confira entrevista com o músico.

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Postcards from italy


Gulag Orkestar


Fotos: Divulgação

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