MINDFULNESS PARA A VIDA PROFISSIONAL

MINDFULNESS PARA A VIDA PROFISSIONAL

Mariana Melo

 

Introdução

Este artigo foi desenvolvido para a avaliação da disciplina de MINDFULNESS PARA A VIDA PROFISSIONAL (USP- RP). Ele pretende ajudar (desde jovens vestibulandos até quem está aos 99 anos), a criar uma rotina de autoconhecimento e, desta maneira, abandonar atitudes e comportamentos tóxicos que atrapalham o desenvolvimento e dificultam a visão de onde se deseja chegar. Os saberes apresentados foram baseados no livro “Busque Dentro de Você”; (Chade-Meng Tan, 2014) e, também, nas aulas expositivas do Professor Doutor Rogério Ceravolo Calia. 

Conheci o mindfulness laico durante a pandemia do Covid-19, através da leitura de um livro e acompanhamento de vídeos em uma plataforma. A partir disso, busquei conhecer mais sobre o mindfulness e ouvir alguns relatos de pessoas beneficiadas por esta prática. Após alguns dias de busca, encontrei os resultados positivos para aqueles que praticavam a meditação e mindfulness, então, neste momento procurei maneiras de me aprofundar e conhecer algumas práticas para que também pudesse fazer parte das pessoas beneficiadas pelo mindfulness. 

Quando encontrei a disciplina oferecida pelo professor Calia, disponível em minha grade de matérias, realizei a inscrição e aguardei ansiosamente pelo início das aulas. Com o decorrer das aulas e leitura do livro sugerido (“Busque Dentro de Você”; Chade-Meng Tan, 2014) apaixonei-me por essa estratégia de autoconhecimento. Então, abracei a oportunidade e o desafio de desenvolver este projeto para ajudar pessoas que, assim como eu, se encontram inseguras e com medo frente a grandes decisões.

 

● O que é o MINDFULNESS?

Começaremos como quase todo livro, ebook ou manual se inicia. Tentando encontrar uma definição para o Mindfulness. Muitos entendem a sua tradução literal, sendo considerada “atenção plena”. Mas atenção em quê? Como? Por quê?e a pergunta principal, o que é atenção plena? Antes de você querer apagar este artigo da sua memória e abandoná-lo de canto, irei apresentar a maneira que entendi o mindfulness (e ouso até dizer que Chade-Meng-Tan também). É importante dizer que este é o mindfulness laico e que pode ser realizado por todos, independente de crenças ou religiões. 

O mindfulness é o desenvolvimento da inteligência emocional, sendo esta a capacidade de monitorar sentimentos, emoções e, por meio disso, ser capaz de diferenciá-los e utilizar este conhecimento para o seu autocontrole, pela meditação. É através deste conhecimento que somos capazes de prestar atenção de forma gentil, curiosa e demonstrando interesse em diversos elementos de forma presente. Ele é uma lente que vê o que é ruim, mas também enxerga o que é bom. E com essa dinâmica entre as lentes, que se desenvolve a inteligência emocional e o autocontrole. Quanto mais se pratica o mindfulness, mais se conecta com o seu eu, e com essa atitude, surge uma clareza de valores e o entendimento de qual direção deve-se seguir.

Essas práticas, ao começarem a fazer parte de sua rotina como momentos de silêncios e trabalhar a autoconsciência, irão revelar a importância e a diferença que temos após reservarmos um momento para nós mesmos. Há também alguns efeitos colaterais como, por exemplo, aumento da resiliência, bondade e otimismo. Neste caso, a felicidade é o remédio.

Por fim, o mindfulness é cultivar o espaço da presença. É se permitir estar em um ambiente ou momento por completo e ser capaz de sentir todas as sensações e emoções, sem que tenha o peso e o receio de existir.

 

● Principais Estados Mentais

Após entendermos do que se trata o mindfulness, vamos conhecer alguns estados mentais que passamos durante a nossa vida. Esta parte procura ajudar a identificar em qual estado mental você se faz mais presente em sua vida para que, assim, consiga criar métodos, projetos e estratégias para se desenvolver. 

Os estados mentais, são padrões comportamentais expressados de maneira intencional, interativa e possuem seu significado dependente de seu  contexto social. Em alguns momentos podem ser expressos de maneira involuntária (como um reflexo de um pensamento), também pode ocorrer de reagirmos de maneira automática a algumas situações de desconforto (reatividade emocional, que será apresentada em breve).

Durante os dias, é normal passarmos por situações e gatilhos que nos levem a sentir emoções: como raiva, tristeza (e com ela vem a falta de atenção e distrações), ansiedade e insegurança, entre muitos outros estados mentais que enfrentamos. É normal sentirmo-nos assim, pois somos humanos, ainda mais quando nos encontramos perdidos e sem saber como agir. Mas tenho uma boa notícia, com as práticas do mindfulness, você conseguirá sair deste ciclo. 

Mas, o que é a reatividade emocional que falamos anteriormente?

Ela é como uma resposta automática aos acontecimentos cotidianos que acionam gatilhos (“alertas de risco”) em nosso cérebro. São nestes momentos que podemos reagir de maneira agressiva e, devido a isto, magoarmos pessoas queridas e próximas. A reatividade emocional, ocorre devido à falta de autocontrole que, ainda, não desenvolveu a sua consciência para as ações que atingem o seu limite.

Há outros fatores que também podem contribuir para a reatividade emocional, sendo eles:

● Momentos de tristeza;

● Raiva;

● Insegurança;

● Momentos de incerteza.

 

Algumas Meditações (que para mim, funcionaram muito bem)

Nas próximas páginas irei compartilhar algumas meditações e práticas que foram utilizadas em conjunto, e que me fizeram muito bem. Selecionei duas para explicar de maneira mais complexa e após a explicação irei apresentar outras práticas que também podem ser realizadas.

 

Meditação com foco na respiração

A meditação com foco na respiração foi a minha iniciação na trajetória do mindfulness. Fui apresentada durante a primeira aula da disciplina e desde então se tornou a meditação que tenho mais proximidade e facilidade em realizar. Esta meditação nos ajuda a aumentar o foco e concentração. Como também conseguimos adentrar em nossa autoconsciência e em contato com qual caminho deve-se trilhar para atingir o bem-estar. A meditação com foco na respiração, também será fundamental para que você desenvolva o autoconhecimento e consiga se controlar em momentos de reatividade emocional. A respiração é um dos principais indicadores de possíveis reações. Sendo assim, esta meditação tem o objetivo de observar a respiração e os movimentos que ocorrem com ela, pelo tempo que conseguir. 

Para a realização da meditação, aconselho os seguintes passos e ressalto que nas primeiras realizações você poderá se distrair, mas é normal, e faz parte do

processo de autoconhecimento, respeitar as distrações:

● Aconchegue-se em um local quieto e confortável, em uma postura de atenção (podendo ser o seu quarto ou uma cadeira ao ar livre);

● Aos poucos vá se desligando do ambiente externo e tente focar nos movimentos que o seu corpo faz durante a respiração;

● Quando se distrair com pensamentos, libere-os e deixe ir. Sem julgar por ter se distraído ou os pensamentos em si. Apenas entenda que é um movimento mental natural e que faz parte desta jornada de autoconhecimento;

● Perceba os intervalos e a intensidade de movimentos;

● Há alguns vídeos no YouTube que podem te auxiliar durante este processo.

 

É no processo de meditação, que conseguimos analisar e reconhecer os pensamentos que nos assolam e como encontrar meios para evitá-los ou, pelo menos, amenizá-los.

 

● Journaling ou Escrita Contemplativa

A Journaling ou escrita contemplativa, é o ato de deixar a escrita fluir (let it flow), escrever aquilo que vem à mente sem fazer juízo de valor. A escrita tem o poder de nos auxiliar a organizar a mente e expressar sentimentos que, às vezes, não conseguimos nomeá-los, e este é um dos objetivos da escrita contemplativa. 

Durante a realização do Journaling, é importante observar os pensamentos e sentimentos que surgem durante a criação do texto, e focar nos sentidos que surgem, seja nas palavras ou nos pensamentos. Uma orientação é praticar este método, por pelo menos 7 dias. Pois assim, você conseguirá sair de suas narrativas mentais padrões e realmente, se desprender do esperado. Nos primeiros dias você poderá sentir alguma dificuldade, mas persista que dará certo.

É importante definir quais narrativas mentais você tem alimentado. Para isso, você precisará analisar quais os pensamentos que mais estão presentes em sua rotina. Você constantemente reclama e se sente um “perdedor” ou diz que não merece ser feliz? Se este for o seu principal questionamento, as narrativas mentais negativas são mais presentes e você as alimenta. Mas, também pode estar alimentando narrativas mentais recheadas de positividade extremamente tóxica. Para isso, precisamos encontrar o equilíbrio para que as nossas narrativas mentais sejam benéficas para o nosso desenvolvimento como pessoa, para isso contaremos com o apoio do journaling.

Algumas perguntas podem ajudar a desenvolver o Journaling e podem ser adaptadas para a sua realidade e os seus objetivos. Também é benéfico para o exercício realizar a meditação com foco na respiração

por 5 minutos antes, e 5 minutos após a realização do journaling.

Realize estes exercícios todos os dias durante uma semana, por 5 minutos por dia no início para melhorar as suas respostas:

● Quais narrativas eu alimento?

● Como isso acontece?

● Como posso impedir?

● Quais os meus pontos fracos?

● Quais os meus pontos fortes?

● Quando agi de maneira negativa sendo guiado pela emoção?

● Quando agi de maneira positiva? Como me senti?

 

● A minha experiência com o mindfulness

Para finalizar o artigo, irei contar o meu breve relato de como o mindfulness me auxiliou no desempenho de um semestre da faculdade e, também, na forma de organizar a minha vida, expectativas de onde quero chegar profissionalmente e me desenvolver nas relações interpessoais.

Comecei as meditações no mês de março, realizava todos os dias, uma vez ao dia. Logo com uma semana, pude perceber melhoras e enxerguei os meus gatilhos emocionais e o que dispara o meu “alarme de insegurança”, assim percebi os motivos da minha reatividade emocional, com isso passei a ter um maior acesso ao meu autocontrole e as minhas relações interpessoais melhoram, pois pude me conectar mais com as pessoas.

As meditações, eram realizadas no meu quarto com a presença da minha cachorra Nina, e variavam entre período da manhã para alinhar minhas expectativas e analisar erros do dia anterior, e no período noturno, quando buscava uma noite de sono melhor e tranquila, e também repassava os acontecimentos do dia. Durante a realização e produção do capítulo, busquei conhecer o básico e essencial para o início dessa minha carreira com o mindfulness.

 Espero que este breve artigo, possa lhe ajudar a compreender o seu caminho e se sinta tão bem, como eu me senti após começar a praticar o mindfulness laico.

 

Referências

TAN, Chad-Meng; Tradução. Paulo Polzonoff Jr. Busque dentro de você. 1. Ed.Ribeirão Preto: Novo Conceito Editora, 2014. 

 

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