Relato de Experiência no Curso de Licenciatura em Química

Relato de Experiência no Curso de Licenciatura em Química

 

Isabella Sandrini Vieira

 

Trago primeiramente um ponto importante a ser avaliado: podemos errar na escolha do futuro quando somos muito jovens?

A resposta é sim.

Existe uma grande expectativa colocada nos alunos que estão no último ano do ensino médio, afinal, neste momento será decidido o que escolherão para o futuro. Esperamos que suas escolhas sejam as mais “comuns” e desejáveis, tais como medicina, engenharia, direito, entre outros. Quando um aluno decide cursar uma faculdade cuja profissão é desvalorizada, ele é julgado e também criticado por sua ínfima escolha.

Entretanto, coloco-os a pensar. Por que não são capazes de enxergar a beleza e a nobreza de tal escolha?

 

E vocês me perguntarão: “Existe alguma beleza em escolher uma profissão desvalorizada na sociedade atual?”. “Qual a nobreza existente em uma escolha que no futuro não ajudará muito financeiramente e, muitas vezes, provocará um desgaste superior aos demais?”

 

Devido a estes questionamentos, muitos alunos desistem do sonho de ser professor e cedem à pressão imposta pela sociedade.

Não se enganem, todos que um dia decidiram o que desejavam (ou pensavam que desejavam) cogitaram estar no caminho errado em algum momento da jornada, não somente nós, futuros professores.

Isso não foi diferente para mim, passei por muitas dificuldades perante minha escolha, afinal muitos caminhos estão disponíveis após sair do ensino médio, e cabe a nós mesmos decidir qual o melhor a seguir. Muitas vezes, o caminho pode ser tortuoso e não corresponder a nenhuma de suas expectativas, enquanto outras vezes, ele pode estar exatamente como você sonhou que seria.

A escolha desse caminho é o começo de uma nova jornada e terá uma importância essencial no futuro. Porém, ele jamais será a única opção existente. Muitos que ingressam em universidades em algum momento perguntam-se se estão no lugar certo, até por que cursar uma área que até então você amava pode se tornar um desafio à medida que nos aprofundamos mais. Esse desafio está frequentemente presente na vida de quem escolhe seguir a área acadêmica e, mais uma vez, comigo também não foi diferente. Durante a minha graduação infinitas vezes a pergunta principal vinha a minha mente: estou mesmo no caminho certo? E acredite, quando essa pergunta vinha à mente, eu me sentava, respirava e refazia todos os meus passos até aqui, pensava em meus sonhos, meus anseios e desejos. Em todos os momentos que, de algum modo, eu cogitava estar no caminho errado, eu me colocava para pensar e concluía que esse ainda era o caminho certo. Mas, e se não fosse? Talvez muitos façam o mesmo e decidam que não estão no caminho certo, então diga-me, o que fazer?

Cabe a você apenas duas opções: continuar ou mudar. Sei que esta é uma decisão difícil e muitos fatores influenciam-na, porém é o seu caminho que está em jogo, então, cabe somente a você pensar no que realmente deseja.

Para a primeira opção, continuar, existe uma questão importante a ser analisada: em que momento do curso você está. Estar no começo significa que ainda há esperança para que no futuro você goste do que escolheu, enquanto, estar no final significa que agora falta pouco a ser finalizado, existem opções a serem pensadas, tais como trabalho mais imediato, uma próxima faculdade, entre outras opções. No entanto, existem situações em que você realmente decidiu que não suporta o curso, e neste caso você precisa refazer seus passos e pensar o que te motiva a continuar.

 

O essencial para quem está decidindo o futuro é colocar as opções em uma balança e calibrar as vantagens e desvantagens de cada escolha. Lembrando que, sempre é possível mudar. Você pode mudar de caminho quantas vezes quiser, nunca será tarde para isso, porém, lembre-se de colocar em uma balança e analisar o que mais compensa para o futuro.

 

Tudo o que digo é com base no que foi vivenciado por mim, e diante disso sou propensa a falar que muitas vezes dúvidas surgiram em minha mente. Pessoas ficavam falando sobre minha escolha, e diziam o quanto isso era imprudente. Cheguei a cogitar trocar de profissão e mudar totalmente meu caminho, mas uma coisa me fez continuar seguindo a minha jornada: o curso que escolhi.

 

Muitas vezes o curso que escolhemos faz-nos pensar se estamos mesmo fazendo a escolha certa, e admito que no meu caso, também, foi assim. Fiquei muitos dias refletindo sobre ter escolhido química como minha área, quais as chances de alguém gostar de química? Mínimas!

E isso, de certo modo, me desanimava um pouco no começo, além da dificuldade dos conteúdos e também a complexidade desta área, existiam outros fatores que me faziam pensar muito sobre o que eu desejava. Porém, a cada dia que se passava eu tinha mais certeza do que queria, eu tinha mais confiança no que eu almejava, e foi assim, ministrando aulas, ajudando os professores, tendo contato direto com os alunos e dialogando com eles frequentemente, que eu soube com total certeza de que queria ser professora.

Claro que mesmo com essa certeza em meu coração ainda há obstáculos e desafios que me trazem um pouco de ansiedade e medo em relação ao momento que entrarei em uma sala de aula. Tenho medo com relação a muitas coisas, mas acredito que, após vivenciar na pele o que realmente almejo, meu objetivo se torna mais claro do que nunca.

Estar em uma sala de aula foi o gatilho para eu saber exatamente o que desejava e isso só foi possível graças aos estágios e oportunidades de trabalhos que a universidade oferece. Experimentar e vivenciar a área que você almeja é um ponto crucial em sua escolha, podem trazer pontos positivos e/ou negativos. Tudo depende do que você coloca em cada lado da sua balança.

 

Depois de tudo relatado, imagino que estejam pensando sobre o porquê alguém escolheria ser professor. Pois bem, acredito que seja uma escolha muito difícil para quem desejar seguir nesta carreira, e por esse motivo, os que a seguem já tem minha total admiração. 

 

Ser professor é uma atitude grandiosa, assim como médicos, engenheiros e advogados.

Ser professor é formar mentes pensantes e críticas.

Ser professor é evoluir o planeta por meio da formação de jovens capazes de criticar o mundo e a sociedade atual.

Ser professor é uma profissão que, embora seja desvalorizada, é a que carrega o maior valor moral, por ser a base para as demais.

Ser professor é carregar consigo uma turma repleta de mentes brilhantes e lapidá-las uma a uma.

Ser professor é ser pai, mãe, irmão e irmã.

Ser professor é amar e ensinar.

Ser professor é ser justo e carregar consigo sua justiça.

Ser professor é ensinar o mundo em uma aula.

Ser professor é ensinar a ser, crescer, lutar e sonhar.

Ser professor é a profissão mais honrada e nobre que eu conheço, é escolher lutar todos os dias contra a negligência e o desprezo das políticas públicas, é lutar por um mundo melhor enquanto enfrenta os próprios obstáculos de sua profissão.

Ser professor é uma escolha, é escolher amar seus alunos, é escolher amar o que faz.

 

Um professor pode mudar o mundo enquanto existir esperança, amor e uma lousa.

 

Trilhar um caminho de tamanha felicidade e nobreza, para mim, já é o suficiente para justificar a minha escolha. 

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