Mais Mário

Mais Mário

Mario de Andrade faleceu em 25 de fevereiro de 1945.

Este poema está no livro póstumo Lira Paulistana.

O escritor, segundo seu desejo da primeira estrofe do poema " Quando morrer quero ficar","está sepultado no cemitério da Consolação, em São Paulo.

Suas partes, metaforicamente, palavras, atos, estudos , estão vivos por toda parte, na São Paulo, no Brasil e além dele.

Salve!

 

Quando eu morrer quero ficar 


Quando eu morrer quero ficar, 
Não contem aos meus inimigos,
Sepultado em minha cidade, 
Saudade. 

Meus pés enterrem na rua Aurora, 
No Paissandu deixem meu sexo, 
Na Lopes Chaves a cabeça 
Esqueçam. 

No Pátio do Colégio afundem
O meu coração paulistano: 
Um coração vivo e um defunto 
Bem juntos.

Escondam no Correio o ouvido 
Direito, o esquerdo nos Telégrafos, 
Quero saber da vida alheia, 
Sereia.

O nariz guardem nos rosais,
A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade. 
Saudade...

Os olhos lá no Jaraguá
Assistirão ao que há de vir,
O joelho na Universidade,
Saudade...

As mãos atirem por aí,
Que desvivam como viveram,
As tripas atirem pro Diabo,
Que o espírito será de Deus.
Adeus.

 

 

Mário de Andrade ANDRADE, M., Lira Paulistana.

 

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