Mais poesia

Mais poesia

Como esta semana foi dia das mulheres, coloco aqui um poema, também de Castro Alves,  que remete a um fazer bem feminino.

 

A cestinha de costura- Castro Alves

 

Para o livrinho de D. BRASÍLIA VIEIRA


NÃO QUERO panteons não quero mármores
Não sonho a Eternidade fria, escura...
Minha glória ideal é o quente abrigo
De uma pequena cesta de costura.


À sombra dos terraços florescentes 
Entorna a violeta a essência pura: 
Flores d'alma recendem mais fragrância 
Numa pequena cesta de costura.


Batida pelos corvos da procela,
A pomba a era tímida procura:
Pousa minh’alma foragida as asas
Nesta pequena cesta de costura.


Astros que amais a espuma das cascatas!...
Orvalhos que adorais do lírio a alvura!
Dizei se há menos lânguidos arminhos
Nesta pequena cesta de costura.


Nesse ninho de fitas e de rendas...
No perfume sutil da formosura...
Vão meus versos viver de aroma e risos
Entre as flores da cesta de costura.


E quando descuidada mergulhares
Esta mão pequenina, santa e pura,
Possam eles beijar teus níveos dedos
Escondidos na cesta de costura.
  

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