Apenas para constar

Apenas para constar

A Câmara de Ribeirão Preto costuma produzir algumas inutilidades, de vez em quando. Quando a gente espera que esteja melhorando, lá vem outra patacoada bem maquiada. A mais recente é a proibição de manifestantes com máscaras na Câmara.

Da lavra do vereador Paulo Modas (Pros), o projeto provocou temores nos vereadores na sessão de quinta-feira. Com um grupo de mascarados nas galerias, os vereadores evitaram qualquer discussão e encaminhamentos.

Aliás, o projeto teve até ameaça de não votação. Foi preciso uma reunião na copa e a modificação da proposta, que se transformou em um substitutivo que proíbe a presença de mascarados em protestos na Câmara.

O projeto com jeito de inútil, nasceu em função de protestos ocorridos em dezembro do ano passado, quando manifestantes (parte deles com máscaras) invadiram o plenário da Câmara e jogaram bombas e sinalizadores no local.

Mas esta é mais uma de algumas propostas que fazem pouco ou nenhum sentido. Mal comparando, a lei aprovada é muito semelhante à que proibiu motociclistas a entrarem de capacete em estabelecimentos comerciais.

Se um motociclista vai entrar em uma loja ou padaria para praticar um assalto, qual a preocupação que ele tem com a lei aprovada pelos vereadores. Vai entrar de capacete e “fazer o serviço”.

Quem usa máscara, tem o transparente objetivo de não ser identificado. Se não quer identificado, quer muito menos cumprir qualquer legislação. Se o contrário fosse, faria manifestação de cara limpa, como convém aos bem intencionados.

Mas ainda assim, com essa cara de sem valor, o projeto recebeu o voto favorável da maioria dos vereadores. Beto Cangussú (PT), Marcos Papa (em litígio com o PV) e Ricardo Silva (PDT) deixaram de votar o projeto.

Os três vereadores não se posicionaram a favor ou contra o uso de máscaras nas manifestações. Apenas consideraram que o assunto não é para virar qualquer legislação.

Mas como a maioria não teve a mesma opinião, a votação serviu para imortalizar ainda mais (existe isso?) o escritor e político britânico (foi primeiro-ministro do Reino Unido), Benjamin Disraeli, autor da seguinte frase: "Quando os homens são puros, as leis são desnecessárias; quando são corruptos, as leis são inúteis”.

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