Somos todos aproveitadores?

Somos todos aproveitadores?

O simples anúncio da aposentadoria do ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) levou a um “caminhão” de especulações sobre o futuro político do aposentando.


Pela legislação eleitoral, ele não pode ser candidato a nenhum mandato eletivo porque não está filiado a nenhum partido. O prazo para filiações de quem pretende ser candidato terminou em outubro do ano passado, um ano antes das eleições.

Como magistrado, ele não poderia mesmo figurar na lista de filiados de partidos políticos. Mas supondo que pudesse e estivesse filiado, ele também teria perdido o prazo de desincompatibilização necessário a servidores públicos que exercem funções executivas, de seis meses antes das eleições, vencido em abril.

E ainda levando em consideração que ele não reúne as condições para ser candidato a algum cargo, o que leva as pessoas a desconfiarem que ele anunciou a aposentadoria apenas para se candidatar?

Na verdade, são dois os motivos. A desinformação das pessoas a respeito da legislação e a desconfiança depositada em todas as pessoas que fazem alguma coisa que ganha visibilidade.

E a desconfiança nem é culpa do cidadão. Ele já está acostumado a ver pessoas buscarem a fama de olho em alguma vantagem lá na frente. Para o médio cidadão comum, ninguém ajuda o outro por solidariedade ou por mera questão de justiça.

E isso ocorre em todos os níveis. Muitos artistas enveredam por carreiras políticas nem sempre bem sucedidas. Mas o eleitor só verá que o artista não é bom como político depois de ele ter vencido a eleição.

Assim há também atletas, empresários e outros profissionais que se destacam, por qualquer motivo, e ganham os holofotes da mídia.

Ninguém pode ter a certeza de que Joaquim Barbosa esteja exatamente pensando em se candidatar. Caso isso ocorra ele tem grande chance de obter sucesso eleitoral. Ser um bom político já é outra história, porque exige outros quesitos.

Então não é preciso e nem recomendável precipitações de qualquer ordem. Até porque se ele, legalmente, puder ser candidato, o julgamento da atitude será dos eleitores, votando ou não.

E o ministro pode também não ser o aproveitador que todos os eleitores imaginam. Afinal, ainda é possível acreditar em algumas pessoas. Não em muitas, claro.

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