As dimensões da felicidade
Quantas dimensões devem
conter um indicador de felicidade? A resposta a esta questão depende
principalmente do que se quer analisar. Para muitos propósitos, uma métrica
comum da avaliação global da vida é fundamental. Diferentes experimentos
psicológicos têm revelado que uma grande parcela dos momentos envolvendo
experiências felizes pode ser adequadamente caracterizada por um simples
indicador do bem-estar subjetivo ou da felicidade. Este indicador tem revelado
uma considerável estabilidade intrapessoal e, também, permite grande
comparabilidade interpessoal, incluindo comparações dentre e entre nações. Portanto, dentro de vários contextos,
teóricos e práticos, pode ser usado com alta validade e fidedignidade.
Entretanto, é possível, naturalmente,
decompor o bem-estar subjetivo em unidades mais finas, de maneira que várias
dimensões da felicidade podem ser diferenciadas. Por exemplo, pode-se
distinguir o afeto prazeroso, o afeto desagradável e a satisfação com a vida,
cada qual cobrindo uma grande amplitude. Assim, o afeito prazeroso pode
simplesmente ser uma alegria ou ser tão intenso quanto o êxtase; os afetos
desagradáveis podem incluir desde a culpa à vergonha até o medo, raiva, estresse,
depressão e inveja. A satisfação com a vida também tem muitas dimensões,
incluindo um eixo temporal: alguém pode ser particularmente satisfeito com a
vida atual ou passada ou ter expectativas sobre o futuro. Também, a satisfação
com a vida de uma dada pessoa pode se relacionar com os seus próprios
sentimentos, bem como o quão significante outras pessoas consideram a vida desta pessoa.
Do ponto de vista econômico, é
importante considerar os diferentes domínios a partir do qual o bem-estar subjetivo
é analisado e coletado. A distinção entre as esferas pública e privada é,
especialmente, interessante. Pesquisas revelam que as pessoas sentem-se mais
satisfeitas na esfera pública do que na privada. Os domínios pessoais mais
importantes são: a) Mercado de trabalho:- Para um grande número de pessoas, a
satisfação com o emprego é uma área crucial da vida. Em geral, um maior
bem-estar subjetivo do empregado está associado com um melhor desempenho no
emprego, bem como com menor absenteísmo e redução na taxa de rotatividade e,
portanto, é de grande interesse para as organizações sociais, indústrias e
empresas que fomentam a cidadania; b) Consumo:- este domínio é obviamente
importante para propaganda e marketing, mas estende-se para além destes. O
nível do padrão de vida é usualmente considerado pela maioria das pessoas como
sendo um dos mais importantes elementos do bem-estar subjetivo. O nível de consumo tem se tornado uma das
atividades centrais da vida moderna; c) Família e companheirismo:- Para muitas
pessoas, um casamento feliz ou uma relação harmoniosa, bem como relações
afetuosas com crianças e parentes, são consideradas como partes integrantes do
bem-estar subjetivo; d) Lazer:- A quantidade de lazer, para muitas pessoas ao
menos para aquelas vivendo em países desenvolvidos, tem aumentando
consideravelmente nas últimas décadas, tanto em função da redução do número de
horas de trabalho como da aposentadoria precoce associada a um aumento na
longevidade. Logo, atividades de lazer
têm tido uma grande importância na vida moderna e, e) Saúde:- Atualmente as
pessoas têm dado um grande valor aos cuidados com a saúde física e mental e,
portanto, indicado boa saúde como um dos mais importantes ingredientes da
felicidade.
Finalmente e de maneira surpreendente,
os domínios públicos relacionados aos aspectos domésticos e internacionais,
tais como agitação civil, guerras, liberdade política, direitos civis e
desigualdade social, raramente são mencionados pelos respondentes, nas escalas
de felicidade, como sendo tão importantes quanto aqueles domínios pessoais
pertencentes à vida cotidiana. Isto pode ocorrer porque as pessoas entendem que
tais desenvolvimentos nos domínios públicos são apenas informações nas quais
elas muito pouco podem fazer para alterá-las ou mudar seus cursos. Portanto,
elas tentam abstrair-se delas.
Assim considerando, o bem-estar
subjetivo pode ser investigado de muitas maneiras, algumas enfocam os
componentes afetivos que envolvem genuinamente as emoções positivas e outros
tentam capturar além destas, os seus componentes cognitivos. Mas, muitas vezes tais medidas são altamente
correlacionadas, indicando um ingrediente-ativo comum.