Prefeito: Líder ou Gestor?

Prefeito: Líder ou Gestor?

Liderança é mais um conceito popular que científico. Iguais a muitos outros, este conceito tem sido usado em diferentes contextos e de modos variados. Qualquer que seja o contexto em que o termo liderança seja empregado, necessitamos, ao menos, explicitar seus significados quando o usamos. Primeiramente, há uma certa confusão entre o constructo de liderança e o constructo de gestor. A grosso modo, gestor é apenas um solucionador de problemas imediatos, enquanto que um líder é aquele que tem visão de futuro. Ao passo que o gestor manda e executa, o líder, olhos postos no futuro, motiva seus seguidores a desenvolverem suas ideias em busca de uma real transformação.

Sendo liderança definida como processo de influenciar outros para alcançar objetivos organizacionais, previamente estabelecidos, não há, nesta definição, menção de valor, ética, moral ou virtude. Todavia, as definições mais comumente usadas, frequentemente, incorporam listas de “bons” atributos ou características do líder, as quais incluem termos como integridade, honestidade, imparcialidade, humanitário, competente, etc. Talvez, a melhor, e mais ampla, definição de liderança seja: habilidade para influenciar os indivíduos, por meio da razão e inclusão, objetivando alcançar metas institucionais que visem, em longo prazo, aos melhores interesses de todos aqueles envolvidos com o bem-estar da sociedade. Esta definição tem duas grandes vantagens: a) inclui moralidade e desejo de ver outros indivíduos genuinamente envolvidos no processo e b) envolve um ambiente institucional muito maior: a sociedade. Em outras palavras, essa definição promove a “boa” liderança e, não somente, a liderança eficiente ou eficaz. Neste caso, um Prefeito deve ser um líder e, não somente, um gestor.

Certamente, o Prefeito deve ser um líder com características para exercer uma boa liderança, as quais não podem ser observadas como ingredientes separados, e, sim, como parte de um todo integrado, como, por exemplo:

1) Comunicativo:- habilidade para se comunicar clara, e concisamente, tanto na forma oral quanto na escrita, sabendo, para tanto, ouvir. Ouvir é importante porque valoriza o outro, tanto como pessoa, quanto como colaborador, disso se podendo extrair informações importantes e relevantes que podem ajudar organizações a alcançarem seus objetivos. Também, liderança comunicativa envolve habilidade para articular ideias, visão e inspiração, além de fornecer “feedback”, fomentar filosofias práticas e valores, os quais são, juntos, necessidades inerentes ao processo para alcançar o bem-estar subjetivo social.

2) Integridade:- Ações – não somente palavras – que espelham honestidade, confiança, imparcialidade, ética e altos valores morais, demonstrativos vitais que são de um bom líder. É de Thomas Jefferson que, “Qualquer coisa que você esteja fazendo, ainda que possa ser conhecida somente por você, deve ser questionada para verificar como você agiria quando todos estivessem olhando para você. Feito isso, aja corretamente”. Importante: as pessoas estão sempre observando, e os verdadeiros líderes fazem as coisas certas, na hora certa e de maneira correta.

3) Interesse genuíno nos outros:- Um interesse sincero no outro, como pessoa e cidadão, bem como, no seu bem-estar, crescimento pessoal, necessidades físico-emocionais e no valor de sua contribuição ao mundo, certamente é um grande, e importante, fator na liderança, germinando lealdade e comprometimento ao líder. Um bom líder cuida e valoriza do próximo, zelando por sua comunidade.

4) Reconhece e recompensa o desempenho:- O líder deve demonstrar que é um verdadeiro admirador do talento, reconhecendo as pessoas talentosas, e honrando aquelas que são excelentes num particular campo do saber. Esta característica, portanto, pressupõe, e inclui, a importância, e a prática, da delegação. Ou seja, deve-se dar especial atenção, e cuidado, ao viés, levantado por muitos teóricos deste campo, de que nem tudo que é bonito por fora é útil por dentro.

5) Orientação da equipe:- Um líder reconhece as suas próprias deficiências e limitações inerentes a um simples indivíduo. Com este reconhecimento, uma abordagem de equipe deve ser empregada. Salomão, conhecido por sua sabedoria, e empreendedorismo original, escreveu no Eclesiastes, “Dois é maior que um, tal qual será maior o produto de seus trabalhos”. Um verdadeiro líder seleciona indivíduos em função de suas habilidades, encadeando seus talentos. Um time é formado a partir da premissa de que os jogadores aumentam e complementam-se uns aos outros. O líder é “treinador” que facilita, assiste, ensina e motiva.

6) Visionário e orientado para idéias:- A liderança nunca negligencia o longo prazo. Um bom líder exercita a intuição com racionalidade, enfatizando a necessidade das ideias. Henry Ford invocou o provérbio: “Sem ser visionário, o político fracassa”; Napoleão Bonaparte frisou: “Imaginação move o mundo”. Este atributo é o mais carismático, e o de maior alcance, para todos. O líder deve se espelhar no exemplo grandioso de Santos Dumont, que nos permitiu atingir outro continente em questão de poucas horas. Conhecimento da literatura científica em Educação, Saúde e Economia devem nortear decisões a longo prazo. Nas palavras de Descartes, “De bom senso o mundo anda cheio”.

7) Decisão e responsabilidade:- Poucos líderes se sentem confortáveis em tomar decisões de grande escala, assumindo responsabilidade por essas decisões. Um líder deve ser capaz de tomar decisões difíceis, assumindo responsabilidade por elas, mesmo se não estiver pessoalmente envolvido em sua execução. Tomada de decisão é combinação de coragem, avaliação de risco e, ultimamente, “um ato de fé”. Para ser inovador e visionário, um líder deve tomar decisões que freqüentemente ninguém toma. James Crook disse: “Um homem que quer liderar com eficácia a orquestra, deve, sim, ouvir a voz da multidão. Porém, ter certeza das consequências que as decisões tomadas trarão sobre seu povo”. Responsabilidade é a segunda metade da tomada de decisão. Ser responsável por todas as decisões no contexto da liderança é o “batismo de fogo” que testa, e tempera, o metal de que um líder é feito.

8) Competência:- Esta característica vai além das noções de inteligência, conhecimento e treinamento formais e, mesmo, da experiência. Ela é uma disposição global derivada destas noções. Desempenho, e resultados favoráveis, em diferentes situações, e com diferentes equipes, demonstram a existência de competência. Essa disposição fomenta segurança para todos porque as pessoas acreditam na habilidade do líder para novamente liderar com sucesso.

Para ser um Prefeito, uma pessoa deve, consistentemente, refletir sobre um conjunto de características próprias de um líder. Ela deve ser hábil em proteger a qualidade de suas decisões e em criar comprometimento dos membros de sua equipe à mesmas e ao munícipe para quem está gerindo e liderando. Pela importância que Ribeirão tem para o cenário científico, médico, educacional, econômico, cultural, político e de serviços, um Prefeito líder deve integrar cinco grandes dimensões da liderança: ser carismático, ser transformador, ser autêntico, ser ideológico e ser pragmático. Esta é a liderança excepcional suprema. E sua equipe deve refleti-lo.

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