Gueto de Varsóvia

Gueto de Varsóvia

Apesar do muito que já se disse sobre o Holocausto, essa passagem da história era pouco conhecida. Agora, ela foi posta ao alcance do público leitor brasileiro pelo livro Gueto de Varsóvia: educação clandestina e resistência, de Nanci Nascimento de Souza, publicado com apoio da FAPESP. 

A invasão da Polônia pela Alemanha nazista, em 1º de setembro de 1939, é considerada o início oficial da Segunda Guerra Mundial. A ocupação alemã da porção ocidental do território polonês perdurou até o final da guerra, em 1945. Para os judeus da Polônia, sob o domínio nazista a vida transformou-se em um pesadelo que começou no primeiro dia e, ao longo de seis anos, provocou a morte de 90% da população judaica, cerca de 2,9 milhões de pessoas.

Os judeus não foram as únicas vítimas. Nos seis campos de extermínio construídos pelos alemães na Polônia (Auschwitz-Birkenau, Treblinka, Belzec, Chelmno, Sobibór e Majdanek), milhões de não judeus foram também sistematicamente assassinados: comunistas, eslavos, ciganos, portadores de deficiências físicas ou mentais e outras pessoas que a ideologia nazista classificava com Untermenschen (“sub-humanos”).

Nesse cenário diabólico, o pior e o melhor da natureza humana vieram à tona. Em contraste com os simpatizantes do nazismo que entregavam seus vizinhos “indesejáveis” para as forças de ocupação e para a morte, milhares de poloneses arriscaram suas vidas para esconder judeus e outros perseguidos. Um eloquente exemplo do melhor foi a educação clandestina promovida no Gueto de Varsóvia, onde os nazistas haviam confinado a população judaica da capital e de outras localidades.

“Os nazistas implantaram o Gueto no local onde ficava o antigo bairro judaico de Varsóvia. Mais de 450 mil pessoas foram comprimidas nesse espaço exíguo. E a área foi progressivamente reduzida ao longo da ocupação. Também foram progressivamente restringidas as condições básicas de vida”, disse Souza.

“Os judeus não tinham direito ao ensino, à cultura, à prática da religião. Os alimentos ficaram cada vez mais escassos, a comida que podia ser produzida no interior do Gueto não era suficiente, e a fome tornou-se crônica. Em muitos internatos, por falta de recursos, as crianças ficavam nuas, mesmo nos meses frios”, disse.

“Improvisaram, em diversas casas, escolas clandestinas. Providenciaram alimentos, roupas e condições mínimas de higiene. Ensinaram o idioma iídiche, literatura, matemática. Transmitiram noções sobre direitos, valores éticos e solidariedade. E devolveram às crianças o direito à infância – inclusive com a oportunidade de brincar”, disse.

Paralelamente, a essa atividade educacional e assistencial, esses educadores, de orientação progressista, promoveram uma campanha no Gueto para que todos passassem a falar em iídiche, considerado a língua nacional judaica. Aqueles que não sabiam deveriam aprender. E um teatro de alto nível, em iídiche, foi produzido sob as condições mais adversas.

O livro Gueto de Varsóvia: educação clandestina e resistência integra a coleção Histórias da Repressão e da Resistência, produzida pelo Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação (LEER), coordenado pela professora Maria Luiza Tucci Carneiro no Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP).

Matéria completa: https://agencia.fapesp.br/a_educacao_clandestina_no_gueto_de_varsovia/26968/

 

 

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