O perfume da terra
Karla Cristina Stropa Goulart
31 Mar 2015 07:22
“Entender fenômenos naturais através da ciência só os torna mais belos e complexos”. (Richard Dawkins)
Quem não gosta do cheiro da chuva no final da tarde?
E você já reparou que muitas vezes sentimos o cheiro da chuva antes mesmo dela começar?
Pois bem...o que de científico têm nisso?
No solo existem milhares de microrganismos. Em um grama pode conter até 10 bilhões de microrganismos com milhares de espécies diferentes e uma delas é Streptomyces coelicolor, uma bactéria inofensiva que vive em quase todos os tipos de solo. Junto a outras bactérias e alguns fungos (Penicillium expansum), produzem um composto denominado GEOSMINA (“aroma da terra” em grego).Estes microrganismos liberam esta substância de cheiro característico com intuito de controlar invasores, exterminando concorrentes que retardam o desenvolvimento da comunidade microbiana local. Diante deste pressuposto, pouco antes de chover a geosmina é liberada para que a água a espalhe junto de outras substâncias com a mesma finalidade!
Como agora sabemos que a geosmina é produzida por microrganismos no solo, fica mais fácil de entender que esta substância se acumula nas beterrabas, em tecidos de vários peixes (o que confere um gostinho de terra), até mesmo em vinhos.
Utilizando vinagre é possível eliminar o “sabor de terra” de vegetais e carnes, pois o pH ácido degrada rapidamente a geosmina.
Muitos cientistas têm estudado e empregado a geosmina na composição de antibióticos de uso na veterinária e medicina.
Graças ao aroma que esses microrganismos exalam, os camelos conseguem encontrar água no deserto, e ao beberem auxiliam na disseminação dos esporos (estruturas microbianas que permitem a reprodução) para outros lugares. Isso ocorre com muitos insetos que atuam como agentes polinizadores também.
Moral da história: Ainda que caia uma tempestade em sua cabeça, retribua com um aroma agradável.
A Natureza sempre nos ensina!
“A melodia e o cheiro da chuva sempre m’encantam como num sonho ou fantasia”. (Mônicka Christi)
Karla Cristina Stropa Goulart
