Para guitarrista dos Raimundos 'as pessoas estão ansiosas para ouvir rock nacional bem feito'

Para guitarrista dos Raimundos 'as pessoas estão ansiosas para ouvir rock nacional bem feito'

“Existe uma legião de pessoas ansiosas para ouvir rock nacional bem-feito”, essa é a explicação que Marquim (o primeiro da esquerda para direita), guitarrista dos Raimundos, dá para o sucesso da campanha de crowdfunding, realizada pela banda ano passado para a gravação do disco Cantigas de Roda.

Em entrevista exclusiva para o Garoto dos Clássicos, ele, que está no grupo desde 2001, e participou dos últimos seis trabalhos da banda, acredita que o álbum mais recente traz uma mistura de elementos dos outros discos deles.

Na conversa, ele também fala como foi o processo de gravação, e sobre a inusitada história da não concessão de visto para entrar nos Estados Unidos para o baixista Canisso, que teve que dá os toques finais de Cantigas de Roda do Brasil mesmo. Confira o bate-papo:

Garoto dos Clássicos - Depois de alguns anos a banda voltou a ter certa atenção, e isso mostrou o quanto os fãs do grupo são fiéis à banda. Mas você acredita que essa força é alguma nostalgia ou a internet ajudou a criar um novo grupo de fãs?

Marquim: Nenhum dos dois, apenas existe uma legião de pessoas ansiosas para ouvir rock nacional bem-feito. A prova é o sucesso do crowdfunding de outras bandas como Forfun e Dead Fish.

- A experiência com o crowdfunding deu uma nova noção da dimensão dos Raimundos?

Certamente nos surpreendeu, esperávamos alcançar a meta e talvez um pouco mais, mas dobrar a meta foi muito legal. (N.R.: Na campanha de Crowdfunding arrecadou R$ 120 Mil, o objetivo da banda era R$ 55 Mil, e esse valor foi arrecadado em uma semana).

 -O que o disco Cantigas de Roda apresenta de diferente com relação aos clássicos do grupo?

Algumas pessoas disseram que o Cantigas traz elementos de todos os discos anteriores. O Raimundos sempre foi muito eclético, sempre tocou metal, ska, reggae, hip hop e tudo que desse vontade. De novo eu diria que há uma influência "moderna" em músicas como Descendo na Banguela e BOP.

- No último Festival João Rock foram tocado só os clássicos, o que certamente trouxe um público muito grande para o palco universitário do festival e a apresentação satisfez tanto os fãs que dias depois os ingressos para o show do grupo no Teatro de Arena de Ribeirão Preto se esgotou em poucas horas. Mas como vocês fazem para que os fãs darem mais atenção para os trabalhos mais recentes?

Não tentamos "guiar" a atenção dos fãs, tocamos as músicas do Cantigas nos shows misturadas às músicas anteriores. Sempre reclamam da falta de uma ou outra música, mas o fato é que é impossível satisfazer a todos.

- Qual foi a dificuldade de gravar o disco Cantigas de Roda longe do Canisso, que não pode viajar para os Estados Unidos? E o que foi feito para compensar isso?

Quando fomos para Los Angeles as músicas já estavam 95% "fechadas", não havia tempo para discussões no estúdio. Os arranjos estavam praticamente prontos, então chegamos e começamos a gravar a bateria no dia seguinte. Em seguida eu gravei baixos temporários para servir de base para o resto e gravamos as guitarras e vozes em seguida. O baixo definitivo foi gravado depois em São Paulo com a vinda do Billy Graziadei. A ausência do Canisso em LA causou mais tristeza do que dificuldade, porque já estava tudo definido (N.R.: Billy Graziadei é vocalista e guitarrista da banda norte-americana Biohazard, e produziu o álbum Cantigas de Roda).

 -O que você gosta de escutar do rock nacional e brasiliense produzido hoje em dia?

Galinha Preta! Também gosto de Far From Alaska, Boys Bad News, Hempadura, Riviera, existem muitas bandas legais pipocando por aí.

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