O que é a vida

O que é a vida

Em um jantar com amigos, um antigo professor da faculdade lembrou da derradeira pergunta de Antônio Abujamra, que faleceu em abril deste ano, no programa Provocações, veiculado pela TV Cultura: o que é a vida?

Não sei.

Mas sei o que é a morte. É tão simples e banal, que só prova que a vida tem grandíssimas chances de ser um acidente.

Mas ao mesmo tempo, o ponto final de uma historia, incluindo a vida humana é dificílimo para ser identificado. Assim como as digitais, cada um tem a sua, até na cabeça dos escritores.

Conversando com um colega escritor, comentei o quanto tenho dificuldades de escrever finais, do mesmo jeito que outro colega, também artista das letras, vem passando depois de cinco anos a frente de um romance.

Existe um bom filme sobre o assunto, e por incrível que pareça tem o comediante Will Farrell como protagonista, o Mais estranho que a ficção (Marc Foster, 2006), que também tem no elenco o genial Dustin Hoffman.

Na historia, uma escritora de sucesso passa por um tremendo dilema existencial por não conseguir por fim em um romance, que é simplesmente a vida da personagem de Farrell.

No ultimo texto deste blog, indiquei para a personagem principal que a morte se aproximava com a cena de uma pequena mariposa negra entrando pelas janelas do quarto, guiada por um feixe de luz.

Recentemente, andando pelo centro de Sertãozinho, mais uma vez foi de um inseto que aprendi mais um pouco sobre o único fenômeno garantido na vida humana.

Uma borboleta colorida realizava um circuito pelo ar como se estivesse em uma montanha russa. O inseto amarelo, com detalhes castanhos e laranja fazia luppings, descia, subia, rodava, até que se perdeu no carburador de um carro que passava pela via.

Simples assim, sem protestos.

Os insetos deveriam ser mais observados para entender essa situação, já que talvez sejam as formas de vida mais suscetíveis a isso, são dezenas de venenos e incensos que prometem nos livrar deles facilmente.

Lembro-me da cobertura de um show da banda de Ribeirão Preto Malditos Insetos (!), na reinauguração do teatro de arena da cidade, quando no backstage, logo depois do show, o guitarrista do grupo, Rodrigo Martins, ainda eufórico pela adrenalina da apresentação, por um momento se sentou em uma cadeira para beber água, quando ergueu lentamente a mão com o dedo indicador levantado, onde pousara um mosquito, e ao invés do previsível esmagamento do bicho, ele olhou, filosofou palavras que agora não me recordo e chacoalhou de vagar o dedo para que o mosquito fosse embora, vivo.

 

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