AVATARES DE GENI

AVATARES DE GENI

                Cheguei a uma conclusão, inclusive com reflexos arquitetônicos, sobre muitos brasileiros. Nas salas de estar de suas casas, seria interessante haver espaços reservados, nos quais haveria um altar para idolatria, bem como, um ambiente para realização de vodu. Já que o Brasil é, felizmente, ecumênico e de todos os santos, penso não ser uma má ideia. Principalmente, considerando, como justificativa, uma característica nacional cada vez mais viva e influente na atualidade. Desesperadamente, tentam-se entender necessário e, consequentemente, produzir ídolos tanto quanto, raivosamente, são moldados e praguejados vilões. Sem considerar, ainda, aquelas ocasiões, cada vez menos raras, nas quais um mesmo ser encarna idolatria e vilania abruptamente e concomitantemente. Que sina!!! Já dizia Chico Buarque pela saga de Geni. É isso!!! No dia internacional da mulher, inúmeros brasileiros gritam por dependência de Genis. Talvez, até, por insegurança e pavor de serem considerados as próprias Genis. “Antes ele do que eu”, não é desse jeitinho? Possivelmente, seja esse um traço cultural popular herdado de uma das mais significativas simbologias nacionais: a novela. A antiga dicotomia, típica das obras televisivas, se tornou pensamento de massa. Mesmo que hoje, dentro da dramaturgia, o argumento esteja aparentemente diferente, pelo qual é defendida a tese de que o “mocinho” e o “vilão”, por vezes, se confundem em pensamentos e atitudes. Será??? Durante essa semana, ainda estará erguido, sempre à noite, um império para que se possa analisar. Contudo, se para esse estudo, o ambiente imperial não for muito a praia de alguém, há outra. Mais precisamente em Maresias. CALMA!!! Não está sendo dito aqui que um campeão mundial seja ou represente qualquer tipo de vilão!!! Pelo contrário!!! Até então, um altar de idolatria foi construído para ele (independentemente de como o rapaz se sinta, à vontade ou não, com os louros tão absolutos de glória à ele direcionados). Tal qual, afim de mais uma oportunidade para percepção e análise dos fatos, se outro alguém não for apreciador de maresia, é possível optar por outros campos, como o de Barcelona, por exemplo. Por lá, ao vivo, e por aqui, retrô e retrocesso como TV em preto e branco, tenta-se instaurar uma neo-monarquia brasileira, para a qual se insiste na imposição do monarca goela e bolso abaixo, seja pelos elogios berrados ilimitados ou por propaganda de TV, operadora de telefonia celular, cuecas, refrigerantes, etc...A notícia ruim é que, por esse movimento social traiçoeiro e nada despretensioso, o brasileiro não se torna, somente, súdito, mas, principalmente, bobo da corte. Corte essa que se lembra que não passa de gente como a gente somente quando fere ou cai ferido em campo, especialmente, o de batalha diária. Em uma analogia com as mídias sociais, muitos compatriotas têm se tornado ainda mais dicotômicos, assumindo papel de seguidor ou atirador. A ideia de simples participação ponderada e coletiva é pouco ou insuportável para muitos deles. Não por acaso, almejam-se o holofote mambembe, não sendo necessário o reconhecimento justo e coerente. Basta que  sejam famosinhos mesmo, seja por bem, mas, normalmente, por nada. Desse jeito, o brasileiro obriga Geni à imortalidade. E, não por opção, solitária e isolada!               

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