CARÊNCIA E OBSCENIDADES.

CARÊNCIA E OBSCENIDADES.

    Fato curioso ocorreu em maio de 2004, em Winifreda, Argentina. Dois presos fugiram da cadeia, deixando, para os guardas, uma carta contendo pedido de desculpas. Justificaram a fuga argumentando que amavam a liberdade e, por isso, não poderiam ficar detidos. Os autores do pedido pesaroso somente não pensaram que tal pedido de desculpas não deveria partir, somente, deles, mas, também de quem é co-responsável por inúmeros atos suspeitos. Assim, igualmente, deveria ser no Brasil.

    Pedido de desculpas...Por verbas desviadas, verbas imorais, mediocridade educacional, negociatas, chacinas, apatia, conformismo popular... Desculpas por tudo aquilo que sentencia cada cidadão à, indefinidamente, ruminar o fel da sua desgraça.

    Mal educados são aqueles que disfarçam suas verdadeiras prerrogativas por meio de doce canto de gestão, cooperação, parceria e fraternidade. No entanto, desconhecem até o básico do básico, tal como “por favor”, “obrigado” e “com licença”. Tudo se agrava, ainda mais, por acreditarmos e creditarmos à esses cavalheiros a condução de nossas vidas e esperanças, fundidas, traduzidas e simbolizadas na palavra Estado.

    Como disseram os “adoráveis criminosos argentinos”, praticamente, em tons de tango, a liberdade é fundamental e do gosto de todos. Mas, realmente, conhecemos o gosto da liberdade? É o gosto da alienação cultural vigente? É o gosto da desorganização e desarticulação social? É o gosto do individualismo cego? Parece que a liberdade está obrigada, pelos que lucram com sua mais do que tímida silhueta, a fazer residência na utopia popular. E a ironia se dá quando tais gentlemen, igualmente - embora raramente - não se percebem livres, já que precisam manter suas guardas altas, atentas e violentas para defender suas vontades mimadas, chiliquentas, cínicas e gananciosas.

    Busquemos Educação. Aprendamos palavras cujos significados remetam à visão crítica e iniciativa, não mais voltando às páginas cujas linhas são escritas à base de vergonha e/ou remorso. Devemos conceber uma Vida pautada por causas e redefinições. Assim, inclusive, se espera que seja a nova postura popular, iniciada a partir do último dia 30 de outubro de 2022.

    Constantes lamentações e arrependimentos são belas demonstrações de humanidade. No entanto, quando recorrentes e relativos à assuntos de política pública, demonstram a exixtência de grande fragilidade e carência, tanto ideológica, quanto pragmática. É como está no livro "Basta de cidadania obscena", de Marcelo Tas e Mário Sérgio Cortella: "Ora, será que a opinião democrática é aquela que todos partilham, ou, é aquela sobre a qual todos puderam refletir por si mesmos?". Essa não é uma pergunta de um milhão de dólares! De importância e sentido tão básico quanto óbvio, deveria ser a pergunta permanente no cotidiano brazuca, como uma moeda de um real mesmo.

 

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