A GRAVIDADE EM VIVER NO MUNDO DA LUA.

A GRAVIDADE EM VIVER NO MUNDO DA LUA.

                Em tarefas simples, atentamente, é possível perceber realidades além das que são consideradas no decorrer dos dias acelerados. No meu aprendizado, permanente, sobre a paternidade, ao ajudar meu filho em suas tarefas escolares, tenho aprendido, também, a ser um cidadão mais consciente. A questão, como propõe o pensamento popular, é que quanto mais consciente se torna, mais responsável pela vida – individual e social – o é. Consequentemente, os níveis e qualidades de autocrítica e crítica, igualmente, devem ser refinados. A partir dessa tendência, refleti, mais claramente, durante os estudos religiosos do meu guri. Estudos esses sobre os direitos da criança e do adolescente, no mundo e no Brasil (inclusive em termos comparativos, seja na teoria ou prática). Foi o ponto de partida para, infelizmente, identificar o quanto as realidades dos tais dias acelerados são pautadas por verborragias cansativas e contraproducentes. A incoerência entre discursos populares diários e fatos é profunda, capaz de envergonhar na mesma medida. Não é absurdo considerar que, de duas uma, ou, até mesmo, as duas: brasileiros são ingênuos, ou, se acostumaram /acomodaram a viver, intencionalmente, em estado de idiotia. Seria para sobreviver??? Se assim for, abrem mão de viver. Viver bem e com os pés no chão.

                Citando apenas um ponto do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), fica estabelecido, juridicamente, que: “Art 4º. É dever das família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, COM ABSOLUTA PRIORIDADE, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária”. Deixo claro que as letras garrafais, propositalmente usadas em três palavras do artigo, são de minha neo-responsabilidade, pós “eureca” ocorrida durante estudo infantil mencionado. Como assim??? No último dia vinte, a presidenta Dilma, canetou, sem rasuras, aparentemente, mais uma incoerência sócio-político-econômica, respaldada pela (mal)dita idiotia brasileira. Em tempos de “sacrifícios” – tal como solicitou a própria Dilma, à nação – a mesma sancionou, sem qualquer porém, aumento do fundo partidário. Portanto, meu propósito no uso das letras megalomaníacas, durante descrição do artigo constante no ECA, é demonstrar um aparente exemplo de má conduta político-administrativa que, se não for suspeita, é, no mínimo, insensata e, possivelmente, corruptora parcial de um dos artigos estatutários, os quais devem proteger as gerações futuras. Se administração, seja ela privada ou pública, tem como uma de suas definições a “arte de saber priorizar”, despreparo e incompetência são palavras que podem caracterizar a administração pública nacional, em vários de seus âmbitos. Alguém, em sã consciência, defenderia uma tese pela qual o poder público brasileiro, indubitavelmente, prioriza, ao menos economicamente, o que diz o artigo 4º. do ECA? Improvável...Basta que sejam considerados dados objetivos, tal como números estatísticos ou notícias, como os que apontam a derrocada infanto-juvenil em função da criminalidade (crescimento de 326%); os que demonstram a pobreza na qual estão submersos os jovens (40% deles); os que denunciam o descaso com a educação de crianças e adolescentes, os quais andam quilômetros para frequentar escolas que não possuem estruturas mínimas para aprendizagem (merenda escolar, lousa, carteiras e até teto); os que escancaram a sexualização banal, precoce e promíscua de inúmeros jovens, oriunda de vácuo cultural e “crime turístico”, etc. Que qualidade teria uma administração que, tendo ciência sobre números, imagens e textos, os quais expressam o quanto estão perdidos jovens cidadãos, não raramente alega falta de verbas que possibilitem intervenções sociais mais profundas e efetivas? Porém, ao mesmo tempo, a referida administração aprova fundos para setores os quais, possivelmente, não são prioritários, principalmente, quando comparados com as mazelas sociais, inclusive as juvenis. Alguns poderiam argumentar que verbas e aumentos destinados aos setores políticos partidários são irrisórios quando comparados aos valores necessários para as intervenções sociais fundamentais. Ok...Como também, possivelmente, poderia ser argumentado que as melhorias sociais conquistadas e alardeadas como troféus, pela administração pública, são ínfimas quando comparadas aos enormes caos sociais ainda por solucionar. Portanto, desculpismos e nivelações rebaixadas não podem significar análises sérias e justificativas aceitáveis, principalmente, por e para quem assumiu a responsabilidade de condução de uma nação.

                Respeitar estatutos, regimentos e similares não é questão de benevolência ou mérito. É mera, simples e básica obrigação. Há uma piada popular que diz que, até o momento, uma das poucas leis ainda respeitada pelo brasileiro é a lei da gravidade. Contudo, já há dúvidas quanto à continuidade do respeito a essa lei, bem como sobre sua atual integridade. De tão desencontradas e incoerentes, as esferas administrativas públicas parecem não ter mais os pés no chão. Talvez, já tento conseguido comprometer a lei da gravidade, obtiveram sucesso em reproduzir no Brasil algo semelhante ao mundo da lua. Entretanto, de maneira irônica e lamentável, são chamados de lunáticos todos aqueles que sentem medo de perderem o contato com “seus chãos”.

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