PÁTRIA PROFESSORA: MALDITO GERUNDISMO VITAL PARA O BRASILEIRO (PARTE 1)

PÁTRIA PROFESSORA: MALDITO GERUNDISMO VITAL PARA O BRASILEIRO (PARTE 1)

            Sim. Palavras são como folhas ao vento. Mas, ainda assim, se ditas, para sempre estarão aqui e acolá. Portanto, precisam ser refletidas, analisadas, de modo a poder haver constatação de suas validades. A partir dessa consideração, não é difícil notar que duas palavras são, amplamente, usadas na atualidade: ódio e preconceito. Se há constatação para ambas? Possivelmente...Provavelmente...Infelizmente...Mas, o que um pouco atenua tais descalabros é o fato de ocorrerem de forma contextual, e não generalizadamente, tal como querem fazer crer determinados grupos, os quais mais têm se assemelhado à “seitas”. “Seitas” de variados tons cromáticos, mas, todos hipnotizantes. E, diferentemente de discursos tacanhos prontos, em vários outros contextos não há pré-conceitos ou ódio, mas sim, tentativa de ponderação cidadã imparcial necessária. Direito e dever, ambos inalienáveis e inegáveis. E tal ponderação leva à conceitos, não precipitados, mas construídos com fatos, observação e sensibilidade. Contudo, esses últimos elementos parecem destinados ao segundo ou, até, enésimo plano, por interesses e preponderância de versões miraboladas pelas “seitas” citadas. As mesmas, oficiais e extraoficiais, orientaram o Brasil a seguir à risca uma ideia, nada nova, na qual se postula que “se as versões são mais interessantes que os fatos, fique com as versões”. São tantas versões para tantos, mas relevantes, assuntos do cotidiano nacional, que é importante questionar o que mais é versão, e o que é fato. Disso depende e dependerá a noção equilibrada de nação.

                Em um brevíssimo – e nada oficial ou científico – levantamento, realizado por mim, questionei amigos (mas, acima de tudo, cidadãos brasileiros) a respeito de características necessárias e fundamentais em alguns profissionais, para que os mesmos possam exercer, adequadamente, seus sacros-ofícios. Profissionais médicos, engenheiros, pedagogos, advogados. Naturalmente, obtive respostas, sendo todas pertinentes e interessantes, mas, algumas mais citadas. E, as comparando com dados oficiais de Orientação Profissional e Consultoria de Carreira, tais opiniões foram, de forma geral, confirmadas. Portanto, é útil pensar o seguinte ponto: se, realmente, existem características ideais (leia-se básicas) esperadas em cada profissional, por quê não há tais expectativas (leia-se cobranças efetivas) em relação às características dos representantes públicos brasileiros? Esse questionamento não é oriundo de preconceitos ou de ignorância teórica/ prática, sendo os mesmos sociológicos e/ou filosóficos, mas sim, de fatos testemunhados, diariamente, tanto nas ruas quanto nas mais diversas e credibilizadas – ideologicamente falando – fontes de informação. É ainda mais absurda a verificação de que a inexistência de tais características - básicas e fundamentais – em diversos políticos é justificada por simples e mera paixão partidária de inúmeros cidadãos brasileiros, os quais militam indiscriminadamente (e até, agressivamente). Em outras palavras, ao analisar opiniões ditas, via questionamento, somadas às características oficiais relatadas por consultores de carreira, algumas foram válidas em qualquer profissão. Atualização constante, respeito ao ser humano, ética, domínio técnico, comunicação clara e eficiente são exemplos do que é, obrigatoriamente, pré-requisitado, independentemente da profissão. Desse modo, de que maneira se reagiria (ou reage quando, infelizmente, acontece) caso alguém fosse atendido por um médico, o qual tivesse abordagem indiferente e não empática? Qual seria a postura de um indivíduo quando, ao buscar serviços de um advogado, percebesse, sem qualquer dúvida, que tal profissional aceita e vive negligências para com princípios éticos fundamentais, na ganância em alcançar seus objetivos profissionais distorcidos? Que tipos de pensamentos e atitudes, provavelmente, teriam pais e filhos (educandos) quando fossem desrespeitados, hostilizados ou menosprezados, em suas experiências e sabedorias prévias, quando em contexto geral e de ensino-aprendizado, por um pedagogo ou professor? Qual seria a conduta de um ser humano quando vivesse prejuízos, de qualquer natureza, a partir de trabalho irresponsável e, conscientemente, falho de um engenheiro, seja na construção de sua casa, na produção de sua empresa, etc? Como trabalhariam profissionais de uma organização quando gerenciados por administrador, notoriamente, despreparado para o que seriam suas funções, fossem elas nos recursos humanos ou materiais? SIM!!! As questões aqui formuladas são simples, quase (pejorativamente citando) senso comum. Porém, acredite: é proposital!!! Por quê? Porque respostas para questões tão básicas são tão claras quanto incisivas. Desse modo, transferindo, analogamente, as mesmas para os cargos políticos, o resultado (respostas) é, incrivelmente, temoroso!!! Temeroso devido à total apatia e contradição brasileira frente à vida política – quanto aos seus resultados e abrangência – especialmente a partidária. Claro, o temor vale ainda que se tenha em mente o fato de que cargo político não é profissão. Porém, tendo o mesmo suas funções específicas, justifica a ideia de que deveria demandar, também, pré-requisitos mínimos, em termos de preparo e condição individual (inclusive a moral), para seus exercícios. Contudo, a confusão nacional é tão intensa que, não raramente, manifesta-se estranho orgulho ufanista ao bradar que x ou y político não possui qualquer tipo de formação e, ainda sim, influencia ou lidera milhões. Se essa possiblidade é princípio da Constituição (a qual se deve respeito absoluto), por quê não revisá-lo respeitosamente? Talvez, as crianças, em suas noites, não devessem “aprender” a temer personagens como a Cuca, Mula sem Cabeça, fantasmas, etc...Possivelmente, motivos nada lúdicos motivariam seus medos e prejuízos de sono, como o incessante aprendizado que vivem, desde tenra idade, pelo qual são convencidas, por adultos limitados, alienados ou reduzidos animicamente, de que nada – ou muito pouco – é possível fazer para assumir o rumo de suas vidas do ponto de vista sócio-político, seja em nível individual ou coletivo. Ou seja, caso conscientes fossem sobre a dinâmica administrativa brasileira, “aparentemente”, amadora, medíocre, parcial e suspeitamente intencionada, deveriam ter pavor de certas ideias, como a que sugere que assim sempre foi, é e sempre será, ou, como a que defende ser inviável cobrar de representantes públicos graus, precisamente, adequados de pré-requisitos para atuação, seja no que se refere à competência técnica e/ou conduta humana como a honestidade. As crianças deveriam ter verdadeiro pânico se percebessem, como brasileiros, o quanto são “ensinadas” a nivelar, extremamente, por baixo os graus de exigência e qualidade para com inúmeros indivíduos que desfrutam de cargos políticos.

                A profunda incoerência e, consequente, caos geral que o brasileiro aceita e se acomoda em viver o situa, simultaneamente, em posições antagônicas: predador e presa. Predador quando aniquila, segundo após segundo, os requisitos mínimos de boa, edificante e saudável convivência/ construção social, esperando, com isso, mal sobreviver e, quem sabe, tortuosamente prosperar. Presa quando é devorado e aniquilado por ideologias vazias ou traiçoeiras, as quais geram violência imensurável, vivida nas filas intermináveis e insensíveis –  isso quando, também, não são inúteis – das instituições da vida (saúde, educação, segurança). A partir daí, o brasileiro médio apequenado se obriga a engolir os gerundismos eternizados na cultura pop política, pelos quais há sempre aqueles dispostos a proferir verborragias pelas quais juram que “em tal dia estarão tomando as providências necessárias”. E, por esse “tal dia”, fica-se esperando. Portanto, aguardem, por evitável gentileza...                       

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