SORRISOS NOJENTOS

SORRISOS NOJENTOS

              Dizem por aí que o Brasil é o “país da piada pronta”. Possivelmente… É muito fácil - pela grande constância dos sorrisos amarelos - perceber. Mas, com a mesma facilidade, e perceptível que muitas dessas piadas não carregam qualquer noção de alegria, mas, evidências do caos generalizado em estado bruto e denso. Isso porque outras características, pra lá de suspeitas, também reclamam o status de nativas. Cinismo, cara de pau, deboche, demagogia, etc. Não a toa, pela vã filosofia verde e amarelo, obrigações cidadãs viraram virtudes estimáveis. O fato se agrava quando, por vezes, alguns argumentos viram base para teorias pseudo convincentes, as quais duram apenas pelos segundos ou minutos dos discursos oficiais. As mesmas teorias são usadas como disfarces para a continuidade das piadas cotidianas sem graça, caricaturas do humor e futuro da mesma cor: negro.

               Disse, durante discurso realizado na última semana, no Maranhão, a presidenta Dilma Roussef: “É preciso que as pessoas pensem primeiro no Brasil e só depois pensem em seus partidos e em seus projetos pessoais. O Brasil precisa de estabilidade para fazer essa travessia”. “Ninguém ficou sem água” disse, recentemente, Geraldo Alckmin em Brasília, a respeito da situação hídrica em São Paulo. Em 2011, esbravejou o deputado Marco Feliciano: “Não aceito as atitudes homosexuais em espaço público”. Blá, blá, blá, etc, etc, etc...Quantos exemplos mais serão necessários para que se consiga interromper esse desagradável e humilhante testemunho da História??? História dos absurdos repetitivos e há muito inaceitáveis - por mais que ainda sejam engolidos pela população (algo similar à “walking dead”?) - vale a pena frisar. Nesse ponto, alguém poderia vociferar alegando que todas as palavras desse texto não passam de argumentos rasos, senso comum. Será? Que esse possível alguém mantenha sua alegação sobre argumentação rasa perante quem perde e perdeu tudo - de bens materiais à saúde - nas enchentes semestrais das cidades brasileiras; perante quem tem e teve entes queridos assassinados nas ruas de faroeste indigente do Brasil; perante pais que experimentam e experimentaram a angústia infindável em filas de hospitais - com suas estruturas precárias - carregando seus filhos enfermos ou moribundos no colo; perante famílias que, após mais casos de violência oriunda da intolerância - de quaisquer naturezas -, têm e tiveram que suportar a vagarosidade que, não raramente, macula a justiça brasileira; perante inúmeros brasileiros que são obrigados à manter suas cabeças baixas por medo de ameaças e retaliações, advindos dos poderes diversos, enquanto sofrem todo tipo de abuso, invasão e exclusão; perante todos os cidadãos que pagam suas infinitas taxas e têm como retorno oficial o número equivalente de papo furado ou silêncio constrangedor. Bom, talvez, repensando a questão, sejam argumentos de senso comum mesmo. Exatamente e infelizmente isso!!! Comum… Ficaram tão comuns, mas jamais normais, ao longo da vida no Brasil, que os fatos descritos anteriormente quando chocam o fazem, somente, por um dia e uma noite. Após esse prazo, nada que uma brejinha gelada não esfrie, praticamente até à anestesia, qualquer ínfima possibilidade de raciocínio para reação seriamente contundente. Então, provavelmente, o gigante só tem acordado para ver a babilônia brasileira em horário nobre e tentar entender o que mal lê sobre as fofocas a respeito de babás destruidoras de lares, enquanto o que deveria ser seu próprio lar soberano vai se mantendo sempre similar a um pardieiro. Parece que tudo não passa de um picadeiro armado por palhaços sádicos e engravatados que atuam para enganar a multidão atordoada, na qual uns riem de desespero e outros aplaudem por qualquer bobeira, enquanto todos, sem exceção, são sangrados e sangram uns aos outros. Ao final desses “importantes compromissos”, um barranco é tudo o que o gigante deseja, e não é novidade para ninguém o porquê e para quê. Desse modo, a fé político partidária do brasileiro é incompreensível, beirando à ingenuidade e alienação. Fé política essa muito semelhante aos tão criticados dogmas religiosos, contudo, de forma oposta a esses últimos, tal fé somente beneficia aos “santos” de devoção e adoração.

               Manifestações genuínas serão sempre válidas e carregadas de simbolismos e intenções. Contudo, é fundamental o cuidado na percepção de quem, factualmente, se beneficiará de qualquer movimento. Do contrário, continuará sendo o sujo esbravejando contra o mal lavado, permanecendo ambos imundos. Muitos deles sempre armam sorrisos publicamente enquanto, na pose para fotos, falam fezes, mas delas também estão cobertos. Portanto, quando retomam suas ações diárias, não é, em absoluto, surpreendente que respinguem fedores para todos os lados. Isso já teve ou tem alguma graça???

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