TRANSPIRANDO OS DIAS DE RUA

TRANSPIRANDO OS DIAS DE RUA

            Dizia Mandela que “a educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”. Provavelmente, essa é uma afirmação a qual poucos ousariam ou ousam contestar. Evidente! Um ser humano bem educado tem desenvolvidas, em si, as ferramentas adequadas pelas quais, observa, interpreta e, potencialmente, transforma o mundo. O mundo o qual se inicia a partir de todo ser humano, em suas ações individuais, as quais, sem a necessidade de conceitos partidários ou institucionalizados, podem contagiar outros ao seu redor conforme a beleza de suas crenças genuínas, eficácia de suas ações e abrangência de suas visões. Assim, como um inevitável efeito dominó, essas ações geram outras tão ou mais intensas, edificantes e agregadoras quanto à primeira, terminando por formar uma rede de fios ideológicos e comportamentais variados, resistentes e, ao mesmo tempo, repensáveis, que tecerão por anos, décadas e até séculos a vasta roupagem filosófica de uma sociedade. E, relembrando, para que todo esse efeito aconteça, muitas vezes, basta apenas uma ideia, de um único ser humano, capaz de despertar outro após o outro, para formação de multidões as quais, independente de diferenças pontuais, se sensibilizem e se fortaleçam, inserindo cada participante em um mesmo nível de importância, de equivalência de pensamentos e ações, não havendo a necessidade de vaidades, pelas quais, inadequadamente, qualquer um reclame para si méritos ou reconhecimento por esforços e trabalhos.

                Quando reais, no decorrer das transformações, o reconhecimento e recompensa terão natureza coletiva e equalizada para todos, eliminando, naturalmente, às mínimas intenções e desejos egocêntricos pela posse de quaisquer louros em função de conquistas que ocorrerão. E, se torna interessante perceber que, quanto mais autêntico, mais natural é a característica abnegada do processo citado. Exemplos não faltam. Entre inúmeros pelo planeta, cito apenas um. O local de origem foi Salt Lake City, nos Estados Unidos. Stacy Bess foi a mulher que se tornou o ponto de partida para o ressurgimento e transformação de vidas. Mais especificamente de crianças e suas famílias, as quais, até então, estavam, negligentemente, esquecidas nos limbos da sociedade. Por meio de uma vontade ímpar de trabalhar, de genuína crença na educação e modificação de paradigmas (principalmente, propondo o fim de vícios em pensamentos estagnados e derrotistas), Stacy, na época professora recém-formada, simbolizou o começo de reabertura de horizontes vitais para quem a estreiteza de chances foi tudo o que, aparentemente, a vida havia reservado. Porém, foi a contestação dessas aparências o que se definiu como detalhe diferencial. Stacey, ainda que inicialmente assustada e insegura, com posterior companhia indispensável de outros que se sentiram motivados por renovadores reflexos de mudanças, gerou tamanha força humana que, por meio da mesma, conseguiu demonstrar não haver razões para acreditar e se entregar às aparências, as quais, traiçoeiramente, podem ser interpretadas como realidades intocáveis e imutáveis. A partir desse movimento, a ampliação dos efeitos salutares da iniciativa foi inevitável, bem como, a perpetuação dos ecos de vozes, sempre conjuntas, onde antes, havia constrangedor silêncio e intimidadora descrença. A questão é que esse e tantos outros casos de condutas e iniciativas, positivamente, inconformadas, renovadoras e inovadoras comprovam, de forma contundente, a factual e sempre possível chance de construção de alternativas, sem que as mesmas dependam, exclusivamente, de bênçãos e aprovações oficiais quaisquer.

                Assim, as inúmeras vozes sociais devem continuar a ecoar na História. Seus dias de barulho deverão preencher os calendários, ainda que distintos poderão ser seus conteúdos e volumes. O medo e a insegurança podem até marcar presença. Porém, o conforto das mãos dadas deverá alimentar a coragem e fé, conduzindo os passos para campos nos quais a semeadura seja incessante, garantindo alimento evolutivo saudável para todas as gerações.                

           

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