Mais felizes

Mais felizes

Frequentemente, órgãos internacionais publicam pesquisas sobre a percepção da felicidade no mundo com alguns critérios para definir o ranking. Embora os resultados desses estudos possam ser questionados, o Brasil, que ostenta indicadores econômicos e de desenvolvimento medianos, apareceu bem colocado no ranking da felicidade, em 44º lugar, segundo o relatório World Happiness Report (Relatório Global sobre a Felicidade, em tradução livre), apresentado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 20 de março, quando foi comemorado o Dia Mundial da Felicidade. No ano passado, o Brasil ficou em 49º lugar e agora subiu cinco posições. 

 


O detalhe curioso da pesquisa produzida pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da ONU, com base em dados do Instituto Gallup, é a diferença na percepção de felicidade entre gerações. No recorte dos cidadãos mais jovens, abaixo dos 30 anos, o Brasil fica em 60º lugar. Já na avaliação que leva em conta os brasileiros acima dos 60 anos, o País aparece em 37ª lugar no ranking. Assim, os mais idosos se percebem mais felizes do que os mais jovens. Provavelmente, porque a população na faixa etária dos 60+ já superou angústias que preocupam os mais jovens como a carreira profissional e a estabilidade financeira. 

 


A busca pela felicidade se apresenta como a questão mais intrincada que cada ser humano precisa resolver durante a existência. Trata-se de desafio presente no dia a dia e ao mesmo tempo distante, uma vez que a felicidade absoluta não existe. Numa sociedade regida pelo consumo, esse ideal fica muito atrelado à conquista de bens materiais, o que sabidamente também não garante a felicidade plena. Shakespeare e muitos outros grandes pensadores chamam a atenção para a importância do “Ser”, como um ponto de partida da própria consciência, para a definição de valores éticos e morais que orientam a tomada de decisões. No momento atual, o planeta já dá sinais de esgotamento diante da hegemonia do “Ter”, o que está elevando o consumo de bens a níveis insustentáveis. Talvez a resposta esteja com o grupo dos 60+. Baseado na experiência, essa faixa etária da população descobriu que a tranquilidade, o equilíbrio, a autoestima e um bom círculo de relacionamento são ferramentas indispensáveis para uma vida mais próxima daquilo que cada um define como o ideal de felicidade.   

Compartilhar: