O preço da insanidade

O preço da insanidade

A insanidade dos homens cobra um preço alto. Além da destruição de cidades e de milhares de vidas humanas perdidas, a guerra entre Rússia e Ucrânia ainda tem um alto custo social e econômico, inclusive para o Brasil. No dia 24 de junho, o conflito completou quatro meses. À medida que o tempo vai passando, os governantes e a opinião pública mundial se acostumam com a barbárie. Cada pessoa segue o curso de sua vida, mesmo que neste instante algum cidadão ucraniano esteja sendo destroçado por um míssil de longo alcance. Nos portos da Ucrânia 20 milhões de toneladas de alimentos estão represadas, enquanto a fome se alastra em vários países do mundo, principalmente na África. 


No Brasil, o conflito mundial se materializou no incessante aumento dos preços dos combustíveis. Desde o começo do ano, o reajuste médio do preço da gasolina foi de 10%. O Índice Nacional dos Preços ao Consumidor (INPC) dos últimos 12 meses também acumula uma alta de 10%. Não há renda ou salário que aguente uma corrosão inflacionária tão elevada, ainda mais num país que há décadas estava acostumado com baixos índices de inflação. Historicamente, o custo de vida elevado costuma ser um inimigo mortal da popularidade de qualquer governo. Que o diga José Sarney, o ex-presidente dos anos 80 que entrou para os anais da história por conta das maiores taxas inflacionárias que o Brasil já registrou.


Desde que a guerra começou, o preço do petróleo subiu, a Petrobras repassou os aumentos para os preços dos combustíveis e o país mergulhou numa crise política e econômica que não tem solução à vista. Rolaram as cabeças dos presidentes da maior empresa de economia mista, que tem o próprio governo como acionista majoritário, mas o preço elevado permanece impávido na bomba. Com o Real desvalorizado diante do Dólar, soluções mirabolantes começaram a sair da cartola dos governantes. “Zerar o ICMS e os Estados não pagam suas dívidas com a União”, “uma bolsa de R$ 400,00 para o diesel dos caminhoneiros”, “tabelar as alíquotas do ICMS” e até mudar a lei de nomeação das estatais que tenta barrar a interferência política. No atual governo, em três anos e meio, a Petrobras já retornou ao cofre federal cerca de R$ 400 bilhões, recursos que numa economia estabilizada poderiam ser utilizados para minimizar por um determinado período os efeitos da guerra sobre um setor estratégico da economia nacional. Política macroeconômica se faz com planejamento de longo prazo. Quando se tenta adotar por em prática medidas eleitoreiras para resolver crises de grande impacto econômico o desastre fica ainda maior. 

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