A teimosia  irresponsável

A teimosia irresponsável

A decepção de fim de ano fica por conta da postura do governo federal, do Ministério da Saúde e do presidente Jair Bolsonaro que insistem em se posicionar contra algo que já deveria ser consensual para afastar riscos, perda de tempo e desgaste desnecessário: a eficácia das vacinas e a necessidade de adoção de medidas de proteção sanitária. A nova variante Ômicron, que rapidamente se espalha pelo mundo, acendeu um novo sinal de alerta. Desde o final de novembro, os infectologistas advertem para a necessidade de exigir o passaporte vacinal para pessoas vindas do exterior. O Brasil já registra 12 casos da nova variante e há o temor de que com essas mutações constantes o vírus saia da área de cobertura das vacinas. 

Embora a exigência do comprovante de vacinação seja uma medida simples, posta em prática por quase todos os países, o governo federal iniciou uma guerrinha para adiar a implantação da norma, contrariando a orientação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e dos especialistas. 

Essa postura negacionista em um assunto tão sério para a proteção da saúde da população e da economia não tem o menor fundamento. Das festas de Réveillon até o Carnaval, o Brasil receberá um grande número de turistas de várias partes do mundo. Não há razão para não exigir que as pessoas que queiram entrar no país cumpram o requisito da vacinação, indispensável para a preservação da própria saúde e das pessoas com as quais entrará em contato. Os altos índices de vacinação comprovam que a esmagadora maioria dos brasileiros não embarcou nessa aventura irresponsável. Mais de 65% da população adulta já tomou a segunda dose e a procura pela terceira tem sido grande. 

Com saúde e a vida das pessoas não se brinca. A demora para colocar a medida em prática, as brechas no cumprimento ( muita gente entra sem ser abordada) e fiscalização frouxa nas fronteiras podem facilitar a disseminação de uma nova variante. A postura deveria ser justamente o contrário para evitar que o Brasil se transforme no paraíso dos sem vacinas em 2022. Quem quiser curtir as praias e o Carnaval brasileiro pode vir, desde que faça o teste, apresente a carteira de vacinação e que fique isolado caso apresente algum sintoma. Nada fora do padrão, apenas medidas recomendadas pelo bom senso para aumentar o grau de proteção coletiva. É decepcionante constatar que o Supremo Tribunal Federal, os órgãos de saúde e a imprensa do país tenham gastar tempo e dinheiro para demonstrar o óbvio ululante. 

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