Aproveitando as Férias... Missão impossível?

Aproveitando as Férias... Missão impossível?

Por Myrna E. C. Coelho Matos – Psicóloga Clínica e coordenadora do IACEP-Ribeirão Preto

Quando penso em férias, logo me lembro de uma frase de Mário Quintana, que diz assim: “Nada melhor do que não fazer nada e depois descansar”. Gosto muito do bom humor dessa frase, que também me remete a pensar: será que hoje em dia nos damos o direito de verdadeiramente descansarmos? Estamos tão acostumados ao estresse do dia a dia que mesmo as nossas tentativas de desfrutar das merecidas férias pode se apresentar, em alguns momentos, como uma missão quase impossível.

O descanso das férias depende não apenas da nossa possibilidade de deixar o trabalho e os estudos por alguns dias, mas de nossas habilidades em fazer bom uso desse tempo. Entretanto, alguns maus hábitos podem dificultar nosso descanso e impedir a recuperação física e mental, algo esperado que ocorra durante as férias. Um exemplo de um mau hábito é adiar pendências, deixando suas soluções para o período das férias, tais como: consultas médicas, conserto do carro, reparos na casa, entre outras. Se as férias contemplarem um período igual ou superior a um mês, penso que é até possível deixar um tempinho para as tarefas até então adiadas, mas se for inferior a esse período, com certeza, você emendará seus dias de trabalho, sem obter o descanso desejado que as férias deveriam proporcionar. Assim, é recomendável que conciliemos a resolução das pendências junto com as demais atividades do dia a dia, para, assim, podermos aproveitar as férias sem a influência de interferentes indesejáveis.

Além desse interferentes, outro erro frequente e que convém ser citado neste artigo é o de manter-se constantemente conectado aos e-mails e celulares durante o afastamento do trabalho, o que dificulta muito o distanciamento dos afazeres, compromissos e preocupações. Não podemos nos esquecer que além dessas atitudes citadas, há, ainda, outros comportamentos e pensamentos disfuncionais que também prejudicam a qualidade de nossas férias, tais como: dificuldade para relaxar, culpa por estar descansando, entender o período de descanso como perda de tempo, entre outros. Nestes casos, é necessário rever nossos conceitos e auto exigências, pois as férias não são apenas um direito legal que possuímos como cidadãos, mas também uma necessidade do nosso corpo e mente.

Precisamos ter consciência que o estresse prolongado, causado por atividades estressantes ininterruptas, pode nos levar ao limite de nossas resistências, esgotamento físico e psicológico, deixando as portas abertas para doenças físicas e distúrbios emocionais. É necessário que nos conscientizemos de que necessitamos parar em algum momento e nos “recarregar”, descansando, brincando com as crianças, rindo com os amigos, dormindo até mais tarde ou mesmo dormindo mais cedo. Enfim, volto a pensar na frase do escritor gaúcho, mencionada no início do artigo, e concluo que, além de muito bom humor, a frase, na verdade, contém muita sabedoria.

Compartilhar: