Quebrando o Silêncio

Quebrando o Silêncio

Precisamos compreender para agir! Leia o texto abaixo, escrito por Rosane Alves, para que tenha maiores chances de prevenir ou combater a violência sexual.

Quebrando o silêncio

Escrito por Rosana Alves

Neste mês é realizada no Brasil a campanha “Quebrando o Silêncio”, que tem por objetivo prevenir e combater a violência. Assim, quero dedicar tempo neste mês e em setembro para trazer a você esclarecimentos sobre o perfil de quem comete violência sexual, para que você esteja preparado para evitar esse tipo de violência.
A violência sexual contra a criança e o adolescente constitui um fenômeno de abrangência mundial, fazendo vítimas nas diferentes classes sociais e culturais.

Dentre tantos aspectos do abuso sexual que precisam ser cada vez mais discutidos e trazidos à luz, não há como ignorar a importância de se falar sobre o abusador. Talvez alguns defendem a ideia de que não deveríamos focar em quem traz tão cruel sofrimento para outra pessoa. Porém, se queremos encarar de frente a violência, precisamos buscar respostas a algumas perguntas: Qual é o perfil do abusador? Há tratamento para essas pessoas? É possível restaurar a vida do abusador? Consideremos essas questões.

Quem é o abusador?


Primeiro é preciso considerar que existem, basicamente, dois tipos de molestadores de crianças e adolescentes:

Preferencial: aquele que tem atração por crianças e adolescentes. Essa atração, que é reconhecida como um transtorno de preferência sexual (parafilia), pode estar relacionada com problemas psicológicos, fatores ambientais, ter sido vitima de abuso sexual na infância, imaturidade emocional e sexual.

Situacional: aproveita-se da vulnerabilidade da vítima ou do acesso ao seu ambiente. Tem aumentado consideravelmente o número de adolescentes que são molestadores situacionais, tanto no Brasil quanto em outros países.


Quanto ao perfil psicológico, estudos indicam grande multiplicidade de perfis psicológicos, o que descarta características estereotipadas dos abusadores sexuais. Ou seja, está distante da realidade imaginar que somente pessoas com transtorno mental ou “bandidos” coagem para obter favores sexuais. Isso explica por que muitas vezes o abusador é alguém acima de qualquer suspeita.

Não é possível delimitar o perfil psicológico, mas, por outro lado, já sabemos que o abusador é predominantemente masculino e que se utiliza do poder e da posição hierarquicamente superior para dominar a vítima, que na maioria dos casos é do sexo feminino. Aproximadamente apenas 2% dos abusadores é do sexo feminino e os abusos que praticam acontecem com mais frequência em creches, instituições e ambientes familiares.

Também vale ressaltar que pesquisas indicam que o abusador convive com a vítima na condição de familiar, vizinho, amigo ou conhecido, o que dificulta a denúncia, percebendo a violência e agravando as consequência emocionais do abuso sofrido.

 

Texto de Rosana Alves, Presidente do Neurogênesis Institute (EUA), Graduada em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista- UNESP (2001), mestrado em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo-UNIFESP (2005) e doutorado em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo-UNIFESP (2009). Concluiu 3 pós-doutorados, sendo dois no Brasil (UNIFESP e USP) e um nos Estados Unidos (Marshall University).Tem experiência na Psicologia, com foco em Neuropsicofarmacologia.

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