Anoitecer a beira mar
Anoitecer a beira mar...
Eu olhava e via... O céu estava aberto.
Não havia nuvens, apenas a imensidão do azul...
O mar ao longe tentava borrar a linha do horizonte
com suas ondas que subiam e desciam pelo sopro mágico do
vento!
Como voava o meu pensamento!
Um ponto branco apareceu e foi crescendo
lá no extremo do mar entre as ondas revoltas,
mas para mim, silenciosas.
Elas, pouco a pouco, tentavam turvar a minha mente
sonhadora...
Parecia ver um navio, mas não era.
Era o meu sonho que crescia e flutuava
sobre as águas distantes,
surfando sobre as ondas do meu pensamento.
A gaivota, com sua voz esganiçada,
voava sobre o mar à procura da refeição vespertina.
O marulhar das águas lembrava uma orquestra de anjos
que passavam os dedos mágicos sobre harpas divinas!
O sol preguiçoso e já cansado
deitava-se no poente acolchoado
de nuvens que iam se formando como montanhas
de algodão branco-róseo na linha do horizonte azul
que aos poucos ia tomando o tom de rosa.
Os bem te vis, na árvore próxima,
olhando o sol, que se escondia entre as nuvens,
gritavam em grande alarido: bem te vi, bem te vi...
O sol fingia-se de surdo sem tomar conhecimento,
mas atento, aos poucos foi se escondendo!
As grandes nuvens de algodão
foram se transformando em púrpura
e, com o passar do tempo, em azeviche.
A noite, com seu manto negro,
tudo cobria sem piedade,
Inclusive o barulhento canto dos pássaros
e o barulho da cidade!
Eu já não podia sonhar acordado
olhando sozinho o mar ao longe.
O meu sonho também foi encoberto pela noite escura...
Que sonhar acordado! Que loucura!