A borboleta voa...
A borboleta voa entre as casas
da colônia abandonada.
Parece triste e sem destino.
Que aconteceu contigo
minha linda borboleta?
Pareces estar sem tino!
Olho e vejo que não é
somente tu que estás triste...
Onde estão as crianças
que brincavam contigo?
Onde estão os jardins das casas?
Criaram asas?
Voaram para outras plagas?
E as grandes mangueiras,
cujas mangas sujavam de amarelo
as bocas descoradas
e davam espinhas
nas caras maculadas?
Como era alegre a vida
nas colônias em tempos passados!
Onde estão os namorados,
as festas de Santo Antonio,
São Pedro e São João,
os busca-pés que faziam
as idosas erguerem os pés?
Onde estão as tardes fagueiras,
as aquecidas fogueiras,
o esperado quentão?
Onde está o pau-de sebo
que causava tanto medo
na molecada atrevida?
Morreu a vida?
É, borboleta, a vida mudou,
a cana de fazer álcool, a vida atropelou.
Desapareceu a euforia,
não há mais a vida que sorria,
a vida que dava vida à vida,
a vida recheada de alegria!