Chuva ao amanhecer
Acordo com o vento que já acordou a minha janela em plena madrugada.
Junto com o sussurro do vento ouço os primeiros pingos da chuva
que se aproxima.
Estou em minha casa de campo.
O farfalhar das folhas dos eucaliptos no entorno da casa
tenta descobrir os segredos da madrugada fria
que faz os curiangos se enaltecerem para avisar aos demais
pássaros que continuam de plantão.
Eu, com pálpebras preguiçosas e ainda sonolentas ,
mas com minha mente recuperada para entrar em erupção,
tento interpretar o dizer dos eucaliptos que enchem
minha respiração do doce perfume de suas folhas.
O sussurro do vento, o coaxar dos sapos nos lagos próximos
e o mugido das vacas com as tetas túrgidas de leite,
fazem-me despertar de vez para o nascer do novo dia.
Os peixes, educados e silenciosos esperam o brilhar
dos raios do sol sobre o lago para darem o seu sinal de vida!
As estrelas com quem converso em muitas madrugadas,
vão dando o seu adeus com aqueles piscar de olhos
que vão se desvanecendo com o nascer do dia.
Saio à janela para ver os pingos da chuva!
Eles são bênçãos de Deus que respingam minha face
sequiosa pelo novo amanhecer.
Alguns vagalumes atrasados, ainda brincando de esconde-esconde,
vão apagando seus faróis um a um!
A chuva aumenta , os pássaros que acabavam de abrir
a sua sinfonia guardam seus instrumentos,
os vagalumes se escondem
e eu tenho de fechar a janela de vidro
e começo a pensar em Deus!
O que seria o mundo se não houvesse o vento,
o farfalhar das folhas, os pingos frios de chuva,
o coachar dos sapos, o brincar dos vagalumes,
o despedir das estrelas
e os cândidos versos dos poetas que passam para o papel
o que Ele cria e nos mostra todos os dias.