Exercícios fazem parte da vida e......
Nelson Jacintho
04 Set 2015 10:11
A vida moderna não mais nos permite ficar na janela para vê-la passar, ou ficar sentado em uma cômoda cadeira do lado de fora da casa batendo papo com os vizinhos da frente e das laterais! Hoje mora-se em grandes condomínios e o tempo passa muito mais rapidamente! A calmaria dos tempos antigos foi levada pelo vento da pressa que domina as pessoas que vivem na atualidade! Vida boa já não é mais aquela de comer, descansar e dormir! O mundo mudou, o pensamento mudou, a atitude de cada um também mudou! A ordem hoje é movimentar-se! Sabem as pessoas que moram no campo que até as plantas precisam de sol, chuva e vento! Sol para fazerem a fotossíntese, chuva para poderem crescer com mais rapidez e vento para que suas raízes sejam forçadas a crescer e se robustecer para segurar o tronco que se avoluma com o tempo e recebe as rajadas de vento! Plantas isoladas, sem sol, sem chuva e sem vento, atrofiam-se e morrem! Pelo jeito, até as plantas precisam de treinamento para desenvolverem raízes fortes e viverem mais e melhor!
Com o ser humano pode acontecer o mesmo! Eles não têm raízes, mas têm nervos, músculos e ossos que precisam ser fortes para que mantenham a estrutura corporal e boa saúde! O segredo para que isso aconteça está na genética, na boa alimentação e na prática de exercícios! Sabemos que o excesso de vento pode arrancar a planta, assim como o excesso de alimentação e de exercícios podem provocar doença! Está na moda a prática de exercícios. Não há nenhuma dúvida que essa prática seja salutar! Devemos incentivá-la! Ela vem crescendo anualmente e deverá continuar assim. Tenho visto, entretanto que muitas pessoas idosas estão exagerando por interpretações erradas de orientações e, em outras vezes, orientações erradas dos próprios agentes de saúde. Sabemos que o excesso de exercício faz mal à saúde, principalmente se a pessoa for menor de 15 anos e maior de 50. Como médico ortopedista, há mais de 40 anos venho acompanhando as orientações para exercícios. Até cerca de 15 - 20 anos atrás, nós médicos brigávamos para que as pessoas fizessem exercícios. Isto sempre foi e será salutar. Hoje, entretanto tenho me deparado com a piora de algumas doenças pelo excesso de exercícios. É o caso das artroses de joelhos, tornozelos e quadris, quando os orientadores tentam forçar esses membros do corpo humano. A artrose é uma doença que não aceita impacto. Outra falha, além do exercício forçado é a duração e a multiplicidade de tipos de exercícios. Tenho pacientes que fazem caminhadas, corridas, jogam futebol, vôlei, natação etc. Todos são bons, mas a prática excessiva é prejudicial!
A prática normal de exercícios dá flexibilidade ao corpo, aumenta a irrigação e a oxigenação dos tecidos, queima as calorias que em excesso levam à obesidade, colaboram com a boa postura e aumentam o bem estar físico e mental. Está provado que pessoas isoladas que não recebem estímulo para sair de casa e fazer exercícios, entram em depressão! Sintomas de cansaço fácil, moleza, preguiça intensa, alterações psíquicas como tristeza e falta de vontade de viver são sérios sintomas de depressão causados pela falta de exercícios. O cérebro não recebe a oxigenação necessária para o seu funcionamento normal!
O excesso, entretanto leva ao desgaste precoce das articulações. Costumo falar que a idade não se mede pelos anos de vida, mas pela qualidade das articulações! Alguns médicos e alguns fisioterapeutas podem levar alguns pacientes, por motivos especiais à pratica excessiva de exercícios. Pessoas acometidas de cardiopatias, de obesidade e de colesterol alto são orientadas para fazer exercício, muitas vezes em excesso. Esses pacientes, entretanto precisam estar cientes de que somente os exercícios não os vão curar. O uso de medicamentos, dietas etc., devem fazer parte do tratamento. O exercício é um coadjuvante do tratamento. Outro fato muito importante para as pessoas é a comparação entre elas e atletas de alto nível ! Atletas de fim de semana e pessoas normais não atletas têm de entender que a carga de exercícios de uns não tem nada a ver com a carga dos outros.
Atletas de alto nível são controlados por médicos, fisiologistas, fisioterapeutas e outros. Os de fins de semana e as pessoas normais não têm essa assistência ao seu preparo físico. Atletas de fins de semana são os que correm maior risco porque muitos, aos 50, 60 anos, ainda pensam que têm 20. Frequentemente têm lesões ósseas, ligamentares e musculares porque já não têm a estrutura e a elasticidade dos 20 anos. A idade tem tudo a ver com o tipo de exercício que cada um deve fazer. O risco de lesão está presente em qualquer idade, mas principalmente na juventude e na velhice o exercício deve ser orientado. Forçar uma criança a fazer exercício de grande esforço e impacto pode trazer sérias conseqüências no crescimento e desenvolvimento físico e mental dessa criança. No idoso a lesão pode torná-lo incapacitado.
Cada pessoa tem capacidade diferente de absorver ou não o tipo e o tempo de exercício que lhe é estabelecido. A maioria das crianças, entretanto, pela grande atividade que as escolas exigem, corre menor risco, porque têm menos tempo. Preocupa-me muito a chamada “melhor idade”! A falta e o excesso de exercício trazem muitos malefícios às pessoas idosas. Cada um tem o seu esporte favorito, mas em linhas gerais não recomendo futebol, nem vôlei, nem basquete para os maiores de 50 anos. O impacto é muito grande e as cartilagens já estão gastas. Cuidado com a artrose dos joelhos! Exercícios dentro da piscina e natação especificamente são os mais indicados. Cerca de 40 a 60 minutos de natação e hidroginástica. Para os idosos, que quiserem correr recomendo cerca de 20 minutos diários intercalados com deambulação, se gostarem apenas de andar, 30 a 40 minutos.
Para terminar vou dar a minha opinião sincera sobre exercícios: a falta de exercícios leva à doenças, o excesso, também! Não queira ser depois de velho o atleta que nunca foi! Já ouviram falar que canja de galinha e bom censo não fazem mal para ninguém? Exercícios orientados são assim...
