Médicos, pacientes e convênios

Médicos, pacientes e convênios

    Sabemos que a confiança do paciente no seu médico  faz parte  da cura da doença.    Nem sempre  a atuação do médico, os remédios, as cirurgias, os curativos e os cuidados de enfermagem  são suficientes para uma cura definitiva. A confiança no médico é de altíssima importância. Paciente que não tem confiança no seu médico, tem dificuldade para se curar. Muitas dúvidas podem levar à desconfiança e consequentemente  à  recuperação incompleta.  Está em moda a pesquisa do paciente em relação ao médico. Pesquisa-se a idade do médico, a especialização, a escola em que se formou, onde trabalha, além de outros fatores. Essa pesquisa, em geral é feita antes da consulta ser marcada. Na sala de espera dos consultórios a troca de informações entre os clientes é constante. Muitas vezes as pessoas recebem informações  para aumentar ou não a confiança no profissional da medicina.  Na sala de consulta a atenção do médico, o interesse para se inteirar da doença, o diálogo entre as partes, o exame clínico  são fatores muito importantes para a confiança no médico. Para o melhor relacionamento médico-paciente, o paciente tem de confiar no médico, mas o médico tem de confiar no paciente. Aquele olhar tete a tete, olho no olho tem de despertar confiança mútua. Para que isso aconteça médicos e pacientes têm de ser francos e leais;  nada deve ser escondido. O paciente não deve esconder nada ao médico, assim como o médico não deve ocultar o que está pensando, desde que não sejam coisas absurdas que possam transformar o comportamento do paciente. Nesse momento,  o médico deve munir-se de um arsenal de paciência e não interromper o paciente enquanto ele está discorrendo sobre a doença que o acomete.  Há casos, entretanto, de alguns pacientes precisarem de estímulo  para que prossigam em suas informações. É claro que para se fazer uma boa consulta precisa-se de tempo. Nos últimos anos, esse é o grande vilão do reacionamento médico-paciente. Com os múltiplos empregos dos médicos, a má remuneração oferecida pelos setores governamentais  federais, estaduais e municipais em relação à saúde, o atendimento médico começa a sofrer sanções objetivas e de grande profundidade nas consultas diárias.  O estresse é um dos grandes problemas na relação médico-paciente. No SUS, pacientes chegam a esperar 3 a 4 meses para se consultar. É tal a tensão desenvolvida durante essa época de espera que o paciente no consultório fica sem saber se informa o médico ou fica se lamentando e, muitas vezes, culpando o próprio médico pelo atraso da consulta. Por sua vez, é comum que o médico esteja trabalhando 24 horas sem descanso. Estas são grandes causas de desentendimento entre médicos e pacientes. Apesar de tudo, cabe ao médico amenizar o ambiente e conduzir o relacionamento da melhor forma possível.

    Um fator que pode levar à desconfiança entre  médico e  paciente é internet. Muitos pacientes "pesquisadores sem preparo médico" vão ao consultório, informados pela internet, com diagnósticos fechados e não querem consulta, querem apenas os exames orientados pela leitura nem sempre esclarecedora. Isto pode levar a sérios constrangimentos. Cabe ao médico orientar o paciente internauta no caminho a ser seguido.

    A multiplicidade de convênios pode trazer problemas de constrangimento entre as partes. Certos filhos têm o convênio do pai, da mãe e da firma onde estão fazendo estágio. Não é incomum que ele vá a  três médicos diferentes por convênios diferentes. Querem tirar  a dúvida que ficaram da consulta ao  "Dr. Google" , ao primeiro e ao segundo médico. Claro que se restar dúvida, outros médicos serão consultados. Interessante dizer que grande parte dos pacientes vão aos consultórios com listas de exames que a internet indicou. Muitos, na verdade, nem sabem para que os exames servem, mas não deixam de pedi-los, porque colegas de trabalho, amigos pessoais e familiares já fizeram algum exame da lista que ele está levando.

   Exercendo a medicina há mais de 40 anos vejo que nós, médicos, estamos, cada vez mais, encontrando dificuldade para exercer a nobre arte. Por outro lado, sinto que a vida dos pacientes está cada vez mais complicada pelo excesso de informações que recebem das mais variadas formas.

Ficar doente nos dias de hoje está muito complicado!  Deus que abençoe os médicos e os pacientes!  Que todos tenham muita paciência!

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