O menino traquina

O menino traquina

                               O menino traquina

 

 

          Pedrinho nasceu para ser um menino traquina e um cidadão fora de época! Quando bem pequeno, ainda de fraldas e mal sabia caminhar, gostava de montar no cachorro e puxar o rabo do bichano da família, que vivia correndo dele! No primeiro dia de escola encheu a lousa de desenhos bizarros, gastando todo o giz da sala, enquanto os coleguinhas se divertiam no pátio na hora do recreio. Por isso ficou de castigo por 5 minutos atrás da porta. Ele viveu naquela época onde a educação era rígida e os direitos e deveres humanos caminhavam em quantidades iguais. Avisados os pais, eles foram à escola para cumprimentar a professora! Era o hábito da época!

           Pedrinho, o peralta, passou a receber a alcunha de PP "Pedrinho peralta". O castigo não o incomodou e ele continuou suas peraltices.  Certo dia chegou à escola com o uniforme vestido pelo avesso! Sim! Naquela época os meninos iam à escola com um paletó de brim caqui de aspecto impecável. Mais um castigo e um puxão de orelhas! Mais uma visita dos pais e um cumprimento à professora!

          Dias depois chegou à escola com as botas em pés trocados. Desta vez o castigo foi-lhe imposto por si mesmo. Várias bolhas e lesões tiveram de ser curadas pela mãe que não fez questão nenhuma em lavar-lhe os pés com água quente e sabão de cinzas!  

          Passado algum tempo Pedrinho, no pátio da escola, retirou da bolsa um cigarro de palha furtado do pai e engasgou-se com ele na hora do recreio! Professores e alunos tiveram de socorrê-lo com urgência! Por isso, foi suspenso da escola por sete dias. Teve de fazer  promessa de que nunca mais faria traquinagens na escola!  

        Vigiado pelos pais, pelos professores e pelos colegas, conseguiu receber o diploma do Grupo Escolar (Ensino Fundamental), apesar das grandes peripécias. Deixou a escola e passou a trabalhar em um armazém da cidade. Trabalho duro! Pesado! Naquela época não havia a lei que proibia menor, de trabalhar e os direitos e deveres continuavam para todos! "Outros tempos", diriam os intelectuais de agora!

       Pedrinho cresceu em força e tamanho, mas o miolo parecia pequeno! Começou a namorar! Não se contentou com uma! Conseguiu duas!  Por pressão e algumas surras dos irmãos das "vítimas", abandonou as duas e depois de algum tempo conseguiu um "namoro sério" com uma terceira! Namorou aos trancos e barrancos, noivou e marcou o casamento!A noiva vestida de branco, embalde o esperou na igreja! Ele não compareceu! Depois de muita desculpas marcou de novo o casamento e ele não compareceu novamente! Depois do pedido de mil perdões, marcou pela terceira vez.

        Arrumou-se todo aprumado! Terno de casimira, sapatos novos, brilhantina nos cabelos e até pó de arroz na cara! Foi para a igreja! O coração descompassado parecia dizer-lhe que alguma coisa não estava bem! Retirou o relógio do bolso da calça! Meia hora havia passado da hora marcada! O padre sentara-se na Sacristia e parecia mais ansioso que ele.

       Pedrinho retirou o paletó, entregou-o à mãe e foi à procura da noiva que morava perto! Ela não estava! Segundo a irmã, ela havia fugido de casa, bem cedinho! Com quem? Perguntou Pedrinho. Acho que fugiu sozinha! Disse a irmã! 

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