O velho sozinho

O velho sozinho

 

Noite fria...

A bruma congelada desce a serra!

O sol embrulha a trouxa e o dia encerra!

Ele tem frio, não aceita, da noite, o desafio!

A passarada o vôo encerra!

A pomba-rola esconde-se na árvore fechada!

O canarinho voa para o  ninho!

A maritaca tagarela

fecha, da garganta, a janela!

O  velho solitário acende a lareira!

Lembra-se da fogueira

quando morava na roça,

onde a noite era mais fria,

mas o corpo da velha-moça o  aquecia!

Ela se foi!

Ele sonha encontrar-se com ela

um dia.

A água do  café esquenta na panela!

Ah! Como era bom tomar café com ela!

Hoje está sozinho!

Falta-lhe calor, falta-lhe carinho! 

Olha para um lado e para outro!

A saudade toma conta do seu sentido!

Algo perturba-lhe o ouvido!

O vento! Ah! O vento!

Como ela tinha medo do vento!

Sozinho, agora em pensamento

Sente o calor do abraço dela!

Esfrega as mãos!

Põe uma delas sobre o coração!

Como bate lento e saudoso!

Falta-lhe o ar por um segundo!

Precisa  de todo o ar do mundo,

mas ele custa a chegar!

Lentamente vai tombando

sem ação!

Chegou à última batida

o seu velho coração...

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