A quem beneficia o quadro de abstenção eleitoral: consolidação dos resultados do primeiro turno e previsões para o segundo turno.

A quem beneficia o quadro de abstenção eleitoral: consolidação dos resultados do primeiro turno e previsões para o segundo turno.

    No dia 2 de Outubro de 2022 ocorreu o primeiro turno das eleições presidenciais brasileiras. Nesse sentido, o Tribunal Superior Eleitoral consolidou, nos últimos dias, as estatísticas relacionadas ao primeiro dia de eleições, o qual foi marcado por um quadro de abstenção considerável. 

 

    O primeiro turno das eleições presidenciais ficou marcado pela segunda maior taxa de abstenção eleitoral desde a redemocratização, com 20,9% de abstenção, o que corresponde à falta de, aproximadamente, 32 milhões de possíveis eleitores. Tal fato pode ser um reflexo da conjuntura internacional e da ausência de debates nacionais com maior alcance entre a população. Ainda, pode-se considerar como causadores desse quadro de abstenção a influência de fake news e a descrença, por parte de alguns cidadãos, no aparato político. 

 

    Além disso, segundo o ministro do Supremo Tribunal de Justiça, Alexandre de Moraes, neste ano houve uma maior demora e aumento das filas eleitorais, as quais foram causadas devido a 7,5 milhões de eleitores que decidiram ir às urnas em determinadas regiões, apesar de contarem com essa abstenção. Acredita-se que tais filas foram, também, impulsionadoras dos altos níveis de abstenção no último dia 2. No entanto, o quadro relacionado aos atrasos nas zonas eleitorais, tende a apresentar uma melhora no segundo turno, disputado entre o ex-Presidente Lula e o atual Presidente Jair Bolsonaro, uma vez que apresenta um número reduzido de candidatos e, portanto, torna a votação mais rápida. 

 

    Analisando estatisticamente o perfil do eleitorado neste primeiro dia, percebe-se uma maior taxa de renúncia inserida na parcela populacional de baixa renda e baixa escolaridade, uma vez que a falta de recursos para custear o deslocamento para os locais de votação, a impossibilidade de perder o dia de trabalho, em um contexto informal, e a falta de acessibilidade tornam-se empecilhos para ir votar, causando uma baixa representatividade e enfraquecendo o processo democrático. 

 

    Sob tal perspectiva, existe a relação entre o quadro eleitoral de abstenções e a ascensão de determinados grupos políticos, uma vez que, utilizando como exemplo a parcela populacional de baixa renda, mencionada anteriormente, torna-se cada vez mais excluída dos deveres cidadãos, necessários para um sistema democrático, em contrapartida à população de alta renda, a qual eventualmente possui mais controle do aparato midiático e, portanto, maior capacidade e influência, por vezes, utilizadas com o intuito de difundir seus interesses e perpetuar sua hegemonia. 

 

    Assim, como efeito desses discursos e políticas, existe a possibilidade de abalar alguns padrões da competição partidária, indo contra conquistas civilizatórias e    

democráticas atingidas no período de redemocratização brasileiro, uma vez que o cenário de exclusão cidadã no contexto eleitoral e a atual polarização política e ideológica presente no país tendem a resultar em uma reação violenta contra aqueles que buscam reivindicar um movimento político mais democrático e plural. 

 

    Em relação às previsões para o segundo dia de eleições, historicamente, o segundo turno apresenta maior taxa de abstenção em comparação ao primeiro, o que pode ser mais evidente neste ano devido à maior polarização ligada à preferência, por parte de alguns cidadãos, por não votar. Entende-se, também, a maior renúncia no segundo dia como uma consequência da falta de mobilização e estímulo por parte dos candidatos a deputados, governadores e senadores, o que tende a desincentivar o eleitorado, o qual, relativamente, perde a identificação com os candidatos. 

 

    Portanto, nota-se que o cenário de abstenções tende a crescer no segundo turno, o que pode enfraquecer o pretexto eleitoral democrático, excluindo majoritariamente, cidadãos sem recursos para ir votar e os chamados eleitores “indecisos” que não se identificaram com nenhum dos dois candidatos, intensificando um dos principais elementos das eleições de 2022, a polarização.

 

Thaís Mantovani Brizotti graduanda em Administração na FEA-RP

 

Referências 

 

https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2022/eleicao-em-numeros/noticia/2022/10/02 /eleicoes-2022-abstencao-atinge-maior-percentual-desde-1998.ghtml  < acesso no dia 04 de outubro >

 

Resultados – TSE < acesso no dia 04 de outubro >

 

Alexandre de Moraes: eventual atraso na votação e geração de filas em algumas seções serão analisados — Tribunal Superior Eleitoral  < acesso no dia 04 de outubro >

 

Sistema de Estatísticas Eleitorais - SEE  < acesso no dia 12 de outubro >

 

 

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