Coronavírus: o papel da liderança em tempos de crise

Coronavírus: o papel da liderança em tempos de crise

Em diversos períodos históricos marcados por crises, guerras e, recentemente, por mudanças climáticas, houve a manifestação da incerteza socioeconômica, gerando como consequência situacional, a preocupação por parte da sociedade acerca do seu futuro.

Em um artigo da Harvard Business Review - Leading in Times of Trauma - é abordado como um líder deve agir diante períodos emblemáticos. Nesse texto, o ataque terrorista de 11 de setembro que ocorreu nos Estados Unidos foi alvo de análise, acontecimento o qual além de trazer perdas de vidas, confrontos militares e um baque econômico mundial, trouxe a insegurança quanto à liderança de seu país.

Nesse exemplo e também em outras situações de crise nas quais a incerteza e a volatilidade rondam o mundo, há condições que favorecem o desenvolvimento de problemas como ansiedade, estresse, depressão e insegurança na população. Dessa forma, cabe ao líder criar soluções para o combate de tais questões, além de respostas para lidar com o próprio fator gerador da crise.

Segundo Leading in Times of Trauma, a eficiência de uma liderança está relacionada com o comportamento e o ambiente de caráter confiante que prezem pela saúde mental da população. Estabelecer uma comunicação entre o ente público e os cidadãos, mantendo a transparência e fornecendo atualizações frequentes sobre a situação é um grande exemplo da competência dos líderes em tempos de crise.

Já no contexto atual de incerteza devido à pandemia causada pelo COVID-19, constata-se que o mundo está vivendo a maior crise global pós-segunda guerra mundial; uma crise na área da saúde que mergulha em turbulências nos âmbitos político, econômico, financeiro, social, moral, comportamental e de liderança. O coronavírus deu velocidade a um processo tecnológico - o qual já estava em andamento - promovendo profundas mudanças no tradicional modelo de negócios de maneira intensa e forçada; tudo isso em um curto espaço de tempo. No setor político, muitos líderes tiveram que mudar suas propostas eleitorais e adotar medidas mais condizentes com o momento. Se a liderança no cotidiano comum já traz desafios, são em épocas de crises em que o papel dela é questionado em termos de eficiência.

 

Mas afinal, o que é liderança?

A liderança é o ato de dirigir, nortear e encorajar um determinado grupo de pessoas a fim de atingir um alvo ou objetivo. Dessa maneira, liderar é caracterizado como uma influência por meio do processo de comunicação, a qual acontece entre pessoas em certa situação, existindo a necessidade de se completar uma meta.

A liderança é tida para muitos apenas no plano empresarial, esquecendo o setor político e suas urgências. O contexto regional de instabilidades políticas e econômicas já existentes no Brasil, combinadas a uma adversidade sanitária, está sendo fatal para uma economia que já se encontrava atordoada. Pode-se dizer que esse caso epidemiológico está sendo enfrentado com negacionismo populista, além de discursos negligentes; um tratamento com certo descaso diante a realidade cruel causada pela pandemia. Os impasses políticos com o Ministério da Saúde em plena crise nessa área são evidências de uma falta de compreensão sobre a atuação de uma liderança e a carência dela na política nacional.

Neste cenário de pandemia, com obstáculos e contratempos não planejados, as lideranças realizam uma função essencial. Nesse viés, no setor corporativo, político ou do corpo civil, o líder é o encarregado por editar e delegar as associações de gestão de crise, responsabilizar a coerência das ações, garantir e promover rapidez ao que foi organizado e tomar decisões e medidas árduas, além de arcar com as responsabilidades que elas implicam.

Assim, o papel do líder inclui:

●        Assegurar a harmonia e boa comunicação entre o grupo;

●       Conferir tarefas de forma eficiente e otimizada;

●       Proporcionar motivação e inspiração para os integrantes da equipe;

●       Organizar metas e prazos;

●       Definir os melhores rumos para alcançar o objetivo.

 

Os estilos de liderança:

1. Liderança democrática:

Esse modelo abrange as ideias e as decisões da equipe. O líder desempenha a função de orientador e moderador, ao passo que os profissionais são incentivados a adquirir mais responsabilidades. O estilo proporciona o reconhecimento dos funcionários e destaca-se na elevação da produtividade.

2. Liderança autocrática:

Esse tipo de liderança consiste em uma gestão autoritária, que concentra as atividades e questões de decisão sem envolver a equipe. É um comando que estabelece regras e ordens, sem a opinião de seu grupo de trabalho. Assim, há uma falta de autonomia dos funcionários, que seguem como cumpridores de diretrizes.

3. Liderança liberal:

Nesse modelo, o líder participa pouco e cede autonomia para os profissionais, ganhando grande protagonismo. Eles costumam agir e decidir sem o consentimento do líder. Pode ter como resultado consequências positivas, como uma performance rápida pela satisfação profissional, mas também pode resultar em formas desfavoráveis. A posição negativa seria, por exemplo, a ausência de orientações, que pode levar a equipe a perder a direção e o foco nos propósitos e objetivos da organização.

4. Liderança servidora:

Nesse estilo de liderança, o líder exerce seu ofício para amparar e assessorar as metas e as expectativas do grupo de trabalho. Desse modo, o líder servidor deve ter a habilidade de se colocar no lugar da equipe para compreender verdadeiramente as necessidades e aspirações dela, aplicando um comportamento empático.

5. Liderança situacional:

Os líderes que acolhem esse modelo estão mais presentes em entidades que se transformam o tempo todo, marcadas pela flexibilidade. Nesse sentido, devem ter capacidade para lidar com situações diversas, apresentando ações e estratégias e utilizando ferramentas de acordo com os acontecimentos. Esse tipo de liderança ganha um grande papel e destaque quando precisa-se “saber ler” a situação, mudar de estratégias e reagir rápido em períodos emblemáticos, antecipando os resultados e as consequências de uma decisão. Um exemplo de liderança situacional – no período de crise causada pela pandemia - é a Nova Zelândia, a qual apresentou no início do mês de junho que não tem mais nenhum caso ativo do novo coronavírus, consequência das ações do seu governo. Para o combate à pandemia, os líderes do país impuseram medidas rigorosas, como a rápida aderência ao fechamento de fronteiras e um programa de testagem em massa, além do rastreamento de casos.

 

Em cenários de crise os líderes são um dos recursos mais necessários para a recuperação de uma organização. Assim, a experiência dessa pandemia traz questionamentos sobre as atuais lideranças situacionais não só no ramo empresarial, mas também no político. Como coordenar equipes a distância? Como delegar e conduzir políticas públicas destinadas à população perante uma nuvem de incerteza - tanto em relação ao momento político quanto ao momento econômico - mundial e regional? E principalmente, no contexto da crise causada pelo novo coronavírus: qual a importância do investimento no sistema de saúde de um Estado e como melhorar essa área?

Texto escrito por Jaiene Naiara Ferreira Souza, estudante de Ciências Contábeis na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto.

Photo by Markus Spiske on Unsplash.

 

 

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