Integração sensorial ajuda crianças com alterações neurológicas

Integração sensorial ajuda crianças com alterações neurológicas

sala sensorial

A integração sensorial atende pessoas de diversos tipos de alterações neurológicas – como autismo, paralisia cerebral, Síndrome de Down -, mas também pode ser aplicada em crianças que não apresentem diagnóstico, mas características indicativas de alguma desordem sensorial e comportamental, adquiridas ou genéticas, visando a melhorar o equilíbrio, a atenção e a redução da ansiedade de seus portadores. 

A aprendizagem se estrutura a partir de um ato motor e perceptivo, em que a informação é inicialmente captada do ambiente, passando por um contínuo processamento com sucessíveis níveis de elaboração, desde a captação das características sensoriais, a interpretação do significado até a emissão da resposta.

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No estudo, recém-publicado pela Revista de Psicopedagogia, elas explicam que a aprendizagem depende da integridade do processamento sensorial, ou seja, da habilidade do indivíduo em receber as informações sensoriais do ambiente, e dos movimentos do seu corpo de processar e integrar as diferentes modalidades sensoriais no sistema nervoso central, utilizando-as para produzir respostas adaptativas adequadas. 

Daí a relevância do método, que estimula crianças com diferentes patologias a subir em paredes, brincar com pneus, tirolesa, entre outros equipamentos, de modo a obter, além do equilíbrio, tranquilidade e capacidade de movimento, e atenção antes de praticar qualquer atividade. A única ressalva é com relação a crianças que sofrem crises convulsivas. A elas, o tratamento não é indicado. 

Os estímulos são oferecidos sempre dentro de um contexto, no qual a criança tem participação ativa na construção das atividades. Estas ocorrem de forma motivadora, facilitando o processamento das informações no cérebro. Em geral, as crianças com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) têm apresentado bons resultados com o trabalho a curto prazo.

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Ocorre a melhora na atenção e modulação do alerta, o que repercute em ganhos no rendimento escolar e na vida social. O tempo de duração do tratamento vai depender dos objetivos traçados pelos profissionais que irão acompanhar a criança. Em três meses os resultados já são visíveis.

É preciso agir empaticamente com a criança, mostrando sua compreensão e seu apoio, enaltecendo todos os pequenos sucessos e deixando para criticar apenas os grandes deslizes: saber tolerar suas dificuldades e dar atenção aos comportamentos indesejados apenas quando muito importantes diminuirá sensivelmente sua sensação de fracasso e seus rompantes comportamentais

As mensagens de advertência devem ser feitas ao comportamento e nunca à criança, e sempre de modo carinhoso e calmo.

Apontar diferenças entre irmãos ou colegas é outro erro que somente aumenta o problema. É preferível elogiar os aspectos positivos de cada criança e usar as características menos brilhantes como uma vantagem num projeto comum: se um escreve com facilidade, o colega desenha bem, o outro tem ideias criativas, e daí por diante. 

Incentivar o comprometimento de cada um dentro de suas facilidades naturais ou aptidões já adquiridas no trabalho escolar gera motivação, empenho e desejo de aprender mais. Poucas pessoas sentem-se empolgadas ao deparar-se com dificuldades muito acima de suas potencialidades.

Ensinar a reconhecer seus limites momentâneos, tanto nas dificuldades pessoais quanto acadêmicas, é o melhor para criar o desejo de superá-los.

Desenvolvida pela terapeuta ocupacional e neurocientista Jean Ayres, a Teoria de Integração Sensorial surgiu em resposta à busca por uma maior compreensão sobre a relação entre as sensações corporais, os mecanismos cerebrais e a aprendizagem. Uma vez captadas, as informações sensoriais devem ser integradas e organizadas adequadamente pelo cérebro, para que o mesmo possa produzir comportamentos adaptados, entendidos como competências de aprendizagem.

O método de integração sensorial é indicado a quem:

:: Tem dificuldade em explorar os brinquedos
:: Evita colocar mão na areia, tinta, cola
:: Sente dificuldade para tirar as roupas, de tomar banho, de cortar os cabelos e as unhas
:: Tem dificuldade em regular o ciclo do sono
:: Sente medo excessivo de cair, de trocas posturais, de escadas e de brinquedos de parques
:: Pobreza de coordenação motora após os 6 anos (falta de dominância para escrita ou para tarefas que exigem maior habilidade, não consegue escrever respeitando as linhas do caderno, dificuldade para recortar com tesoura)
:: Parece desorganizado, desajeitado e ansioso
:: Tem dificuldade em iniciar e terminar uma tarefa
:: Parece ter tendência a acidentes ou contusões e a tropeçar em objetos
:: Evita andar descalço, especialmente em areia e na grama
:: Distrai-se ou perde o interesse durante atividades, tarefas em grupo, evita eventos sociais

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