Escola Com Partido

Escola Com Partido

Olá meus queridos leitores.

Este ano será marcado por um grande evento, e não estou me referindo a Copa do Mundo de Futebol, que apesar de ser legal, de ser um dos maiores entretenimentos de todos os tempos, na minha modesta opinião não passa disto, entretenimento e só, apesar de tanto tentarem de nos convencer de que se trata de algo muito maior.

Estou me referindo às eleições, que escolherão deputados, senadores, governadores e o presidente do Brasil, me desculpem os fanáticos por futebol, mas este sim é um evento que afetará nossas vidas profundamente pelos próximos anos.

Vivemos há décadas uma grave crise política no Brasil, e em meio a esta fase sombria, caminhamos a passos rápidos para aprovarmos uma série de regras, um tanto quanto abstratas e em certo ponto castradoras, chamadas pelo singelo nome de “Escola Sem Partido”.

Este programa, supostamente, pretende despolitizar a escola, que aparentemente, se tornou um antro formador de jovens com tendências esquerdistas, feministas e simpatizantes da causa LGBT. Podemos, e devemos discutir até que ponto as escolas, e os professores, têm o direito de induzir certas ideologias nos jovens, mas tornar as escolas em locais apolíticos é muito perigoso.

Como escreveu o filosofo Platão (427 a 348 a,C) “Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam.”

Toda ação humana é permeada de sentido político. Quando usamos o termo político não o fazemos em seu sentido partidário, mas sim em seu sentido de ação e relação humana. Entendemos que toda ação humana tem um objetivo que, mesmo tendo feições políticas, não necessariamente é revestido de ideias ruins; é possível fazer política “boa”, se assim podemos dizer. Esta explicação se faz necessária, uma vez que atualmente a palavra política é tão pejorativamente vista em nossa sociedade.

Segundo o dicionário Michaelis, política pode ser definida também como “habilidade especial ao relacionar-se com outras pessoas, com o intuito de obter certos resultados anteriormente planejados.”

Pensando na escola, todo professor, inevitavelmente, irá se relacionar com seus alunos e nessa relação, que é política, existem intuitos que devem ser altruístas, como, por exemplo, levar os alunos a respeitar a vida humana e animal, a preservar o meio ambiente, há praticar a tolerância.

Nesse sentido:

(...) tenho defendido que a educação é necessariamente política. E mais: necessariamente democrática. (...) A política, por exemplo, não pode ser pensada apenas como partidos, eleições, ou mesmo como luta pelo poder. A política se faz necessária porque o homem não é um ser isolado. Ele é um ser social (...) temos a política exercida como democrática, isto é, como convivência livre entre sujeitos históricos. (PARO, 2010, p. 102)

Devemos educar nossos jovens para viverem em liberdade, sabendo usá-la conscientemente e com responsabilidade. Nossos jovens devem crescer em ambientes que proporcionem o respeito a suas escolhas enquanto indivíduos; não é mais possível estabelecer somente relações de poder, de mando, sem conexão afetiva, é preciso dar voz aos alunos.

Bibliografia

PARO, V. H.Educação como exercício de poder. São Paulo: Cortez, 2010.

Compartilhar: