Rio de Janeiro: o Brasil sem filtros
Olá caros amigos.
Mais uma vez a cidade do Rio de Janeiro passa por uma grave crise de segurança pública. Segundo o último levantamento do Instituto de Segurança Pública, de janeiro a maio de 2017 foram mortas 2.942 pessoas no estado carioca, isso significa um aumento de 16,4% se compararmos o mesmo período no ano de 2016.
Diante do caos, o governador Luiz Fernando Pezão, prometeu, se o dinheiro for liberado pelo governo federal é claro, investir mais em segurança pública, a quantia exata não foi divulgada, Pezão se limitou a dizer que serão “centenas de milhões de reais nos próximos anos”.
O governo poderá investir bilhões, ou até trilhões de reais, que a situação não mudará. Claro que é necessário investir em segurança pública, mas o problema é muito maior e necessita de uma força multidisciplinar, que deverá atacar o problema em várias frentes ao mesmo tempo.
Uma das faces deste problema é a ocupação urbana da cidade do Rio de Janeiro. A até outrora “cidade maravilhosa”, representa de maneira singular a abissal diferença social que assola o Brasil. Segundo relatório da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, divulgado em 9 de maio deste ano, os 0,1% mais rico da população brasileira, ou 27 mil pessoas num universo de 27 milhões de declarantes do IRPF, afirmaram possuir R$ 44,4 bilhões em rendimento bruto tributável e R$ 159,7 bilhões em rendimento total bruto.
A capital carioca é nitidamente dividida entre o “moro” e o “asfalto”, entre favelas, casebres, condomínio e prédios de altíssimo luxo. Em parte essa divisão começou a ser desenhada pelo presidente Rodrigues Alves (1902 a 1904) e seu prefeito - engenheiro Pereira Passos, que empreenderam uma grande reforma urbanística na cidade, tornando-a mais agradável para sua elite, assemelhando-a, pelo menos na parte nobre, as mais modernas metrópoles europeias.
A partir desta reforma as finas e elegantes famílias cariocas puderam desfrutar das maravilhas da “nova” cidade, e a população rude, pobre e mestiça foi empurrada para longe, para os morros, que na época eram distantes da área “civilizada”.
Mas com o tempo, as áreas se encontraram e o conflito se tornou inevitável, e no momento a população carioca em geral, ricos e pobres, estão pagando o preço da falta de investimentos em todas as áreas, e de uma míope política elitista e higienista.
Como cantava o sambista Wilson das Neves:
“O dia em que o morro descer e não for carnaval
ninguém vai ficar pra assistir o desfile final
na entrada rajada de fogos pra quem nunca viu
vai ser de escopeta, metralha, granada e fuzil
(é a guerra civil)”.
Referências
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-07/mais-de-29-mil-pessoas-foram-mortas-no-estado-do-rio-entre-janeiro-maio
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-08/plano-de-seguranca-para-o-rio-de-janeiro-tera-orcamento-extra-para-area-social
https://www.fazenda.gov.br/noticias/2016/maio/200bspe-divulga-relatorio-sobre-a-distribuicao-da-renda-no-brasil