Uma resposta para a crise

Uma resposta para a crise

A construção civil demonstra força para superar as adversidades econômicas e políticas enfrentadas pelo país no decorrer de 2016 e ganha novo fôlego para 2017

Segundo Matias, o cenário continua desafiador, mas os indícios apontam para uma reação, especialmente a partir do segundo semestre de 2017Pelo segundo ano consecutivo, o balanço econômico do Brasil não foi dos mais favoráveis. De acordo com Alberto Borges Matias, fundador da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEARP-USP) e professor titular em Finanças na mesma instituição, os números mostram que o cenário ainda é desafiador: o Produto Interno Bruto (PIB) do país registrou queda de 3,3% em 2016, enquanto a produção industrial teve uma redução ainda maior, de 6%. Os efeitos da crise impactaram todos os setores, inclusive, o da construção civil. O momento de incertezas e de oscilações, aliado aos altos índices de desemprego e ao encolhimento da renda familiar, motivou o aumento na taxa de juros e a restrição de créditos imobiliários, desacelerando os investimentos. Como era de se esperar, as vendas diminuíram, assim como a quantidade de empreendimentos lançados.

Ribeirão Preto, que tinha vivido um verdadeiro “boom” nesse segmento, especialmente entre 2008 e 2012, não conseguiu escapar da onda de desconfiança que atingiu a nação. Tanto os consumidores, quanto incorporadoras e construtoras, ficaram mais cautelosos. Na tentativa de combater a baixa demanda e de reestabelecer o potencial do forte mercado local, as empresas seguraram, temporariamente, os novos projetos e focaram seus esforços na oferta de unidades disponíveis em estoque. Outra estratégia adotada foi a de reduzir os preços através de campanhas promocionais. 

Segundo o boletim Construção Civil, elaborado pelo Centro de Pesquisa em Economia Regional (Ceper), da Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia (Fundace), de maio a outubro de 2016, os valores dos apartamentos caíram em três das cinco regiões da cidade: norte, sul e centro. Mesmo nas áreas que experimentaram um crescimento, a leste e a oeste, a variação ficou abaixo de 1%. “Nos próximos meses, ainda se espera uma retração ou uma estabilização nos preços, indicando que existem ótimas “Nos próximos meses, ainda se espera uma retração ou uma estabilização nos preços, indicando que existem ótimas oportunidades”, comenta Lucianooportunidades para os compradores que realizarem uma minuciosa pesquisa e souberem negociar antes de fechar o contrato. Há uma série de imóveis de alta qualidade com condições bem atrativas”, avalia o professor e pesquisador Luciano Nakabashi, coordenador do estudo e professor da FEARP-USP.

Agora, os olhos já começam a se voltar, esperançosos, para 2017. Felizmente, as perspectivas são positivas. Mudanças em relação à política monetária, como a redução da inflação, devem render bons frutos. “Adicionalmente, a melhora das expectativas em relação à trajetória da dívida pública abre espaço para a redução da taxa de juros, elemento determinante para a retomada dos investimentos e, consequentemente, do crescimento da economia brasileira, proporcionando confiança nos agentes econômicos e novas concessões de crédito. No entanto, uma recuperação sustentável depende de reformas importantes, como a da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Teto e da reforma previdenciária, por exemplo”, aponta Nakabashi. 

Matias alerta que essa retomada acontecerá de forma gradativa. “As quedas, aos poucos, vão regredindo. No segundo semestre do próximo ano, nossas estatísticas estarão acima de zero. Devemos fechar 2017 com um crescimento no PIB de 1,1% e com um câmbio estável, ao redor de R$ 3,32. O país atrairá investimentos estrangeiros, provavelmente na ordem de US$ 130 bilhões, totalizando um superávit comercial em torno de US$ 40 bilhões”, calcula o especialista. Esses ajustes farão com que o setor ganhe novo fôlego, sobretudo a partir de 2018.

Poder de reação

À frente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) em Ribeirão Preto, o engenheiro José Batista Ferreira, confirma que, em 2016, a recuperação do setor não ocorreu conforme o esperado. “A péssima movimentação no cenário político acabou estagnando o país. Vários segmentos, como o de obras públicas – edificações e infraestrutura, de obras particulares e de incorporações residenciais e comerciais, Segundo Batista, o pior já ficou para trás e o ritmo, tanto da produção, quanto das vendas, deve deslancharentraram em declínio. Entretanto, com o anúncio de fomentos destinados pelo ‘novo’ Governo Federal ao setor, os primeiros sinais de uma boa recuperação começam a aparecer”, afirma Batista.

O diretor regional comenta que o poder de reação ao planejamento estratégico traçado pelas incorporadoras e pelas construtoras, notadamente as que atuam na cidade há mais tempo, é muito grande. “A engenharia civil é um ramo muito eclético e, por isso, está exposta a grandes variações sazonais. Experientes e competentes, os empresários que atuam nessa área, aqui em Ribeirão Preto, já sabem como manter a solidez no mercado diante de situações adversas”, enfatiza o dirigente.

Para Batista, o pior já ficou para trás e o ritmo, tanto da produção, quanto das vendas, deve deslanchar, principalmente no segundo semestre de 2017. A notícia dá segurança, tranquiliza e anima os empresários e os clientes em potencial. “O setor voltará a trabalhar com passos firmes e com lucidez, sem a euforia dos últimos anos, que resultou em custos inflacionados. Os preços, porém, serão restabelecidos rapidamente. Mesmo com a promessa de que os juros devem cair, em breve, esse é o melhor momento para comprar um imóvel, garantindo a possibilidade de um bom negócio. Ainda existem unidades prontas e de empreendimentos em construção com valores abaixo da tabela em estoque. Quem quiser esperar um pouco mais, provavelmente, perderá as condições especiais oferecidas nesse período pós-crise”, adianta o engenheiro. Agora, as construtoras e incorporadoras aguardam a hora de apresentar os próximos lançamentos. 

Com planejamento estratégico, as incorporadoras e construtoras de Ribeirão Preto conseguiram se estruturar para manter o mercado em movimento

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