MP oferece denúncia contra 18 investigados na Operação Turbulência
Operação da PF se iniciou após suspeitas levantadas pela venda de avião que transportava Eduardo Campos, adquirido de empresa de Ribeirão Preto
O Ministério Público Federal em Pernambuco (MPF) ofereceu denúncia contra 18 pessoas suspeitas de integrar uma organização criminosa investigada pela Operação Turbulência, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em junho deste ano. A acusação se refere ao crime de organização criminosa. A estimativa é de que o esquema de lavagem de dinheiro tenha movimentado R$ 600 milhões desde 2010.
De acordo com a PF, a investigação começou a partir da análise de movimentações financeiras das contas de empresas envolvidas na aquisição da aeronave Cessna Citation PR-AFA, que transportava Campos na campanha à Presidência da República. No dia 13 de agosto de 2014, o avião caiu em Santos, matando sete pessoas, entre elas, o ex-governador.
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o avião estava registrado como propriedade do Grupo AF Andrade, de Ribeirão Preto, porém a empresa alega que repassou a aeronave para o empresário João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho, que emprestou o avião para Eduardo Campos realizar as viagens de campanha.
Mas o repasse do avião teria movimentado R$ 1,7 milhão, e nos documentos da transação, a PF identificou os compradores da aeronave, e esse foi um dos caminhos utilizados pela polícia para iniciar a Operação Turbulência.
De acordo com a acusação, o grupo operava uma rede complexa de empresas de pequeno porte, de fachada e em atividade, para fazer transferências de grandes somas de dinheiro e despistar a origem supostamente ilícita dos valores. A PF aponta desvios ocorridos na Petrobras e nas obras de transposição do Rio São Francisco, por meio de contratos superfaturados, como exemplo da origem dos recursos. Há também a denúncia de formação de caixa 2 para as campanhas de Eduardo Campos.
No entendimento do MPF, os líderes direcionavam as transações bancárias ilícitas com a ajuda dos gerentes, que usavam contas bancárias de colaboradores. Subordinados cuidavam da gestão e circulação dos recursos.
Foto: Chris Abigail/Agência Brasil