‘Casamentos’ iniciam ações dos Voluntários do Sertão

‘Casamentos’ iniciam ações dos Voluntários do Sertão

Cerca de 70 casais participaram da cerimônia de união estável em Santa Cruz Cabrália; atendimentos médicos começam nesta segunda-feira, 18

Com uma cerimônia que uniu cerca de 70 casais, na tarde deste domingo, 17, teve início em Santa Cruz Cabrália, na Bahia, as ações do grupo Voluntários do Sertão. Os “casados” receberam documento de união estável, que os ajuda receber direitos sociais, notadamente os relacionados à previdência social, em caso de morte de um dos companheiros.

Não se trata exatamente do um casamento, já que os casais recebem uma declaração de união estável pela convivência comum de dois anos ou mais. No caso de buscarem a pensão por morte, há a necessidade de outros documentos que comprovem a união, mas a declaração recebida neste domingo tem muita importância na comprovação da união. “Os casais têm que buscar formas de comprovar a união, porque infelizmente não é só o amor que conta nessas horas (morte de um dos companheiros)”, diz o advogado Hilário Bochi Júnior, um dos responsáveis por levar a orientação às pessoas.

A cerimônia contou com a participação de um padre e de um pastor evangélico, que abençoaram os casais que se uniram “em matrimônio”. Os dois rezaram pelos casais que solidificaram suas uniões, sem as tornarem oficiais. O padre Manoel Ferreira dos Santos, explicou que no caso da união houve uma benção, porque a igreja católica considera casamento o ato também jurídico.

O projeto de Deus é para que ninguém viva sozinho. E se estamos aqui é porque acreditamos nisso”, afirmou o padre. Ele explicou, no entanto, que no caso da união estável a igreja concede uma benção, que não é um sacramento, mas é sacramental. “O sacramento é irrevogável, já o ato sacramental, não. Mas a benção não é invenção dos homens, mas de Deus”.

Falta de dinheiro

O porteiro Adriano Menezes Santos, 21 anos, morador do bairro Coroa Vermelha e um dos que participaram da cerimônia, Se uniu a Janine Souza de Almeida, 19 anos, com quem vive há quatro anos e de cuja convivência nasceram os filhos Emanuel, de um ano, e Adriana, de dois anos.

“Viemos colocar no papel o nosso relacionamento. Já tentamos outras vezes, mas sempre faltou dinheiro. Moramos juntos, temos que legalizar. Toda vez que vamos preencher algum documento, temos que falara que somos solteiros. Temos hoje o privilégio de nos unirmos e sermos mais felizes”, disse Adriano.

A falta de dinheiro foi também o motivo de Neilson Alexandrino Botelho, 41 anos, e Carla Oliveira Santos, 37, não se unirem em matrimônio, apesar da vida em comum por 20 anos. Com três filhos, de 16, 12 e 7 anos de idade, o casal pegou neste domingo o primeiro documento de união estável.

“Nunca tivemos a oportunidade de nos casar. Sempre faltaram condições financeiras, mas com a união estável, vamos nos unir muito mais”, disse Neilson.

Chave da cidade

Na cerimônia de abertura, o prefeito de Santa Cruz Cabrália (BA), onde acontece a ação neste ano, o prefeito Jorge Monteiro Fontes (PT) entregou simbolicamente a chave da cidade ao empresário Doreedson Pereira, o Dorinho, presidente da Organização Voluntários do Sertão e idealizador do projeto.

O prefeito agradeceu a ação dos voluntários na cidade e afirmou que o município está nas mãos das pessoas que atendem os moradores. Dorinho agradeceu o gesto e afirmou que os voluntários farão de tudo para bem atender a população. Neste ano, cerca de 400 voluntários, principalmente da área de saúde, atenderão na cidade. A expectativa é realizar 30 mil atendimentos.

Fotos: Guto Silveira

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