Convenção de Tatuagens termina com acusação de estelionato contra organizador

Convenção de Tatuagens termina com acusação de estelionato contra organizador

Expositores e prestadoras de serviço somam mais de R$ 150 mil em prejuízo

Após o cancelamento do último dia da Weekend Convenção Internacional de Tatuagem de Ribeirão Preto, mais versões sobre o ocorrido vieram à tona com o registro de um boletim de ocorrência (B.O) por parte dos expositores do evento contra a organização.

Tatuadores, donos de food trucks e prestadoras de serviço que participaram do evento acusam o organizador, o produtor de eventos André Alexandre de Paula Roberto, de estelionato.

Segundo as fontes ouvidas, o organizador desapareceu após o final do evento, deixando de pagar os tatuadores, prestadoras de serviço e a própria Recreativa - local onde aconteceria o evento.

Segundo a assessora de um dos estúdios participantes, Ana Geib, o prejuízo de todos os expositores chega aos R$ 150 mil. “Um estúdio de tatuagens lucra, em média, R$ 1 mil por dia. Levando em consideração que fechamos o estúdio por três dias, perdemos R$ 3 mil só para estarmos lá”, comenta a assessora.

Outros agravantes do prejuízo são os custos por tatuagem e o preço dos estandes. “Tatuagens para convenções, geralmente, são desenhos grandes, que demandam muito tempo e material. E nenhum tatuador cobra esse tipo de trabalho, ela é de graça, já que concorreria ao prêmio de R$ 10 mil para a melhor tatuagem”, esclarece Ana.

A assessora ainda revela que o preço cobrado por cada estande era de R$ 1,5 mil. Ao todo, foram 35 estandes, mas o número de tatuadores era muito maior, já que muitos dividiam o espaço. Ainda sobre o espaço, os expositores reclamaram da demora na abertura dos portões nos dois primeiros dias de evento, com mais de três horas de atraso e também criticaram a falta de estrutura.

Food truck

A Convenção também contava com a participação de food trucks na sua praça de alimentação. Jefferson Francisco de Araújo, que ficou responsável em fazer o intermédio entre os donos dos trailers e o organizador do evento, lamenta que a parceria com André Alexandre, que se apresentava na organização como “Alex Roberto”, tenha lhe causado tantos problemas.

“Sempre realizei eventos de qualidade na cidade, ano passado, por exemplo, fizemos o Festival de Churros e com isso construímos uma imagem positiva em Ribeirão. Agora muitos donos de food trucks estão me cobrando por algo que não tenho como pagar e nem culpa. Esse cara [André Alexandre] sumiu com o dinheiro de todo mundo, inclusive o meu”, revela o responsável pelos food trucks.

Araújo revela que os problemas começaram dias antes da abertura dos portões. “A Convenção estava marcada para acontecer no Iguatemi, mas ele [André Alexandre] queria pagar depois que o evento terminasse e isso eles não aceitaram. Eram esperados dez food trucks, mas com a mudança para a Recreativa ficamos com apenas cinco”, explica o produtor de eventos.

Cada food truck pagou para André Alexandre R$ 1,2 mil para participar do evento e deveriam pagar mais 15% do lucro obtido. Com o cancelamento do último dia, somado aos custos de transporte e alimentos disponibilizados para o dia, os comerciantes contam com um prejuízo na casa dos R$ 10 mil.

Prestadora de serviços

Um dos lados mais lesados na história foi o da prestadora de serviços responsável pela montagem e manutenção dos estandes. A empresa, que é de São Paulo, teve um prejuízo aproximado de R$ 20 mil.

A responsável pela empresa, Ira Rocha, comentou o ocorrido. “No contrato estava previsto o pagamento adiantado para a montagem dos estandes. Porém, o organizador garantiu que nos pagaria no dia do evento. Como não podíamos de deixar de realizar um serviço tão essencial, deslocamos uma equipe para Ribeirão, com caminhões, equipamentos e eletricistas”, comenta a responsável pela prestadora de serviços. O evento inicialmente contaria com 250 estandes e não 35.  

Confusão

Em matéria publicada neste domingo, 26, pelo Portal Revide, a reportagem entrou em contato com o responsável pelo bar, Raul Zancan, que afirmou um prejuízo de "R$ 70 mil por conta dos saques ao bar". Todavia, todos os demais lados ouvidos não compactuam com essa versão.

A versão defendida pelo lado lesado é que após o cancelamento do evento e a confirmação da falta de pagamento, a equipe de segurança abandonou o evento. Alguns moradores de rua que passavam pela Avenida Nove de Julho conseguiram algumas bebidas do bar, já que ele ficava do lado de fora.

Também há relatos de que alguns expositores tomaram cervejas do bar, mas os valores tomados não chegam a 1% do afirmado pro Zancan.

"Não houve saque em massa como defendido pelo Raul. Alguns tatuadores tomaram algumas cervejas sim, mas não foi o prejuízo que ele afirmou. Além do mais, ele afirmou em seguida que o valor era de R$ 10 mil, a história dele não bate", afirma a assessora Ana Geib.

O responsável pelos food trucks, Jefferson Francisco, revela outro lado da história "Ele [Raul Zancan], era parceiro do André, o organizador. O que ele fez foi chutar um valor muito mais alto de prejuízo para tentar queimar a imagem dos tatuadores. Mas isso é mentira".

No boletim de ocorrência registrado pelos expositores, ainda consta outro agravante contra o organizador. André Alexandre, possuía quatro CNPJs diferentes. As máquinas de cartão do bar registravam as vendas no CNPJ do salão de cabelereiro de André, o Colonial Cabelereiros, e não o registro de sua produtora de eventos.

Outro fator que deixou as vítimas confusas foi a quantidade de perfis no Facebook que André possuía. Ao todo, contaram sete perfis do produtor de eventos, um com uma variação do seu nome. O utilizado na Convenção foi o "Alex Roberto".

O produtor de eventos não responde às ligações das vítimas e nem das autoridades. A Polícia Cívil está investigando o caso.


Foto: Arquivo Revide

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