Entidades pedem união pela revitalização do Centro

Entidades pedem união pela revitalização do Centro

Em evento organizado pela Revide, na sede da Acirp, representantes de diversas entidades sinalizaram união pela recuperação da área central de Ribeirão Preto

Na noite desta segunda-feira, 31, a Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp) sediou um debate entre representantes de diversas entidades ribeirãopretanas.

O evento faz parte de uma iniciativa da Revide, que propõe a recuperação do Centro de Ribeirão Preto em parceria com a população.

Adriana Silva, presidente do Instituto Paulista de Cidades Criativas e Identidades Culturais (IPCCIC), participou do debate e apresentou dados de uma pesquisa desenvolvida pela entidade.

O estudo começou em janeiro deste ano com foco na elaboração do projeto de cidade criativa, apoiando-se na Teoria U – desenvolvida pelo economista e professor do Instituto de Tecnologia de Massachussetts, Otto Scharmer – e na Design Thinking. Ambas, metodologias utilizadas para a solução de problemas com foco nas pessoas. “Nossa proposta é transcender as estruturas físicas, pois, não há patrimônio histórico sem as pessoas que geram a história de cada local”, aponta Adriana.

Com o término da primeira fase da pesquisa, os especialistas do IPCCIC identificaram como problemática a falta de pertencimento por parte dos ribeirãopretanos. “Percebemos que Ribeirão Preto é uma cidade de usuários e não de co-criadores, O intuito é elaborar um estratégia para transformar esta realidade”, explica.

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“A proposta difere de tudo o que já foi pensado, pois, traz o humano como o eixo central da recuperação e desenvolvimento de uma cidade. Neste sentido, há ainda estudo para encontrar a melhor utilização do espaço arquitetônico do centro de Ribeirão Preto”, completa.

Ocupar o Centro

Durante o debate, o arquiteto e urbanista da Secretaria Municipal de Planejamento, José Antônio Lanchoti, reforçou a ideia do “pensar as pessoas” como ferramentas de desenvolvimento e destacou que uma melhora do Centro, como constatado em pesquisas anteriores, vai além de revitalizar o calçadão. O especialista acredita que é necessária uma reflexão para entender a sociedade que utiliza aquela região. “Talvez as pichações feitas nos bancos recém instalados no calçadão seja uma forma de as pessoas que acreditam nesta cultura se sentirem pertencentes àquele local. Afinal, ninguém ouviu estas pessoas sobre como o Centro deveria ser”, aponta o arquiteto. Ainda durante a sua fala, Lanchoti salientou a necessidade de qualificar as moradias no Centro para que se adense os vazios urbanos.

Unir para transformar

O diretor regional do Sindicato da Industria da Construção Civil (Sinduscon), Fernando Junqueira, acredita que os empresários também precisam se conscientizar quanto à importância de cuidar dos patrimônios históricos da cidade. Para Junqueira, o momento é de união entre as entidades e que este movimento facilitará a revitalização. “Com tudo o que está acontecendo, eu acredito que será possível conquistarmos esta revitalização. Mas, os empresários precisam também ser mais cidadãos e esquecerem um pouco os lucros”, aponta.

Paulo César Garcia Lopes, empresário e presidente do Sindicato Varejista de Ribeirão Preto (Sincovarp), também aponta a união de forças como uma saída para o problema estrutural do Centro. Lopes destaca alguns empreendimentos, que ele chamou de “âncoras”, como sendo indispensáveis para aquela região. “Temos o Sesc, que hoje é de extrema importância para o Centro. Além de preservar o que temos, seria necessário recuperar o que perdemos”, salienta.

Para Antônio Carlos Maçonetto, presidente da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp), é preciso que todos assumam uma posição em relação à recuperação do Centro. “Do contrário, contribuiremos para a não evolução desta região”, diz.

Investimento

O engenheiro José Anibal Laguna participou do debate como representante da Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto (AEAARP). Laguna acredita que hoje é difícil a região central atrair investidores por questões burocráticas. Laguna defende que muitos empresários desistem de investir no Centro por conta de dificuldades. “Há casos de áreas no Centro que possuem cerca de cem herdeiros. Quando um deles assina, muitas vezes outro herdeiro já morreu. Minha sugestão é a criação de um Fundo Compulsório, mantido pela Prefeitura, que pagaria aos proprietários pela desapropriação de seus lotes. Depois estes lotes seriam vendidos a investidores. Qualquer projeto de revitalizar o Centro, sem pensar em atrair investidores, estará fadada ao fracasso”, conclui.

Revide Online
Bruno Silva
Fotos: Ibraim Leão

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