Estudantes relatam casos de assédio na Zona Leste de Ribeirão Preto
Além dos assaltos frequentes na região da Rua Arnaldo Victaliano, casos de assédio assustam pessoas que passam pelo local

Estudantes relatam casos de assédio na Zona Leste de Ribeirão Preto

Jovens comentam que ocorrências aumentaram e são presenciadas também durante o dia

Estudantes relatam terem sofrido assédio sexual nas proximidades da Rua Arnaldo Victaliano, na Zona Leste de Ribeirão Preto. O local entre os bairros Iguatemi, Nova Ribeirânia e Ribeirânia é muito frequentado por estudantes, que passam pelo local, em sua maioria, a pé.

O primeiro relato é da estudante G.Z, de 21 anos. A jovem conta que, enquanto caminhava para a faculdade, na região da Rua Arnaldo Victaliano, um carro, modelo Evok de cor branca, parou ao lado dela. “Achei que ele ia pedir informação. Na hora que eu tirei o fone pra entender o que ele estava falando, o cara estava pelado dentro do carro gritando um monte de besteira para mim”, relembra. A estudante conta que, após ouvir as insinuações do assediador, saiu correndo com medo.

A estudante G.T, de 22 anos, afirma que também sofreu assédio naquela região. “Era mais ou menos umas 18h e eu estava na Rua José Pierri [Nova Ribeirânia], com um amigo meu. Conversávamos justamente do caso do assédio da Evok branca”, comenta a estudante.

A jovem descreve que viu um carro do modelo Parati parado na via. Dentro do automóvel, um homem, aparentando ter por volta de 50 anos, estava com as genitais expostas e observando a estudante. Quando o amigo de G.T reclamou com o homem, ele fugiu.

Região onde aconteceu a maioria dos crimes

Assaltos

Além dos casos de assédio, a região também é alvo de assaltantes. Mais uma vez, uma estudante foi a vítima. C.P. conta que foi assaltada quando voltava para casa, na Arnaldo Victaliano, próximo da Avenida Leão XIII.  Um homem a ameaçou fazendo gestos como se estivesse armado, enquanto o comparsa o esperava do outro lado da rua em uma motocicleta.

A estudante revela, contudo, que o mais revoltante aconteceu quando foi registrar o Boletim de Ocorrência. “Quando eu fui registrar o B.O, pedi para a Polícia Militar passar mais vezes naquela região, porque é muito perigoso. Sentimo-nos muito inseguras na hora de ir embora e ele [o policial] respondeu que não adianta nada fazer a ronda da PM no local, dizendo que na hora que estivesse passando, o bandido não iria assaltar, mas quando a polícia não estivesse, iria. Ficamos muito indignadas quando ele disse isso”, desabafa C.P., que teve a bolsa roubada durante o assalto.

E a Polícia?

O Portal Revide entrou em contato com a Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo (SSP), responsável pela Polícia Militar. Foi questionado se há demanda para que haja mais policiamento no local e qual procedimento legal as vitimas devem tomar. Contudo, até o fechamento desta reportagem, ainda não obtivemos retorno.

Iniciativas que amenizam

Segundo a professora e doutora do Departamento de Ciências da Saúde da USP, Maria Paula Panúncio Pinto, a violência de gênero está presente em todos os níveis da  sociedade e em todos os lugares. “Os casos sempre existiram, mas o momento histórico facilita esta discussão e o enfrentamento desta realidade”, conta a especialista.

A professora atualmente faz parte da Comissão para Apurar Violência Contra Mulheres e Gêneros da USP, a Cav Mulheres Usp. Maria explica que a CAV é uma comissão formada por professoras, funcionárias e estudantes. “Foi feita para apurar denúncias de violência e discriminação contra mulheres no campus de Ribeirão Preto”, diz.

A professora ressalta que o grupo surgiu a partir de uma demanda histórica de violência que as mulheres sofrem, mas também para auxiliar na conscientização e prevenção de novos casos.

Para saber mais, acesse o site da Comissão.

Outra medida recente, em Ribeirão Preto, mas que ainda precisa sair do papel, foi a aprovação da Lei 14.161 na Câmara dos Vereadores. O projeto pretende criar uma campanha de combate ao abuso sexual de mulheres no transporte público do município.

Segundo o texto, “o material de campanha deverá conter orientações acerca da definição de assédio, das ações a serem tomadas pelas vítimas e das formas de denúncia perante as autoridades competentes, com a divulgação destas informações em locais visíveis”.  Para ser posto em prática, o poder público aguarda por parcerias e convênios com empresas, universidades e quem mais queira realizar a iniciativa.


Foto: Google Maps

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