Gravidez na adolescência cai 42% na cidade de Ribeirão Preto
Ainda existem altas taxas de gravidez se ampliado o espectro da juventude, considerando as garotas até 19 anos

Gravidez na adolescência cai 42% na cidade de Ribeirão Preto

Número de mães com menos de 14 anos teve queda nos últimos dez anos e maternidade após os 30 cresceu 57%

Em dez anos, o número de meninas que engravidaram com até 14 anos caiu 42% em Ribeirão Preto, passando de 82 em 2008 para 48 em 2018. Em contrapartida, cresceu a quantidade de mulheres que optaram pela maternidade depois dos 30: segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde, elas totalizaram 5.338 ao final do ano passado — um aumento de 57% na década.

De acordo com a obstetra do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HC-RP), Silvana Quintana, para que o número de adolescentes que se tornam mães continue em queda, é fundamental focar os esforços na prevenção. Para ela, essa é a grande falha do sistema nacional de saúde: no Brasil, mais de 50% das gestações não são planejadas.

“Precisamos criar uma cultura de orientação anticoncepcional para essa população de adolescentes, pois, ainda hoje, as pessoas têm receio de conversar sobre o assunto, principalmente os cuidadores, com medo de oferecer uma espécie de passaporte para essa menina iniciar a prática sexual. Com isso, a adolescente não se protege e fica sujeita à gravidez e a doenças sexualmente transmissíveis. Nosso investimento na menina deve ser feito antes de ela engravidar”, afirma.

A médica explica que existem altas taxas de gravidez se ampliado o espectro da juventude, considerando as garotas até 19 anos. Em 1990, 10% das gestações ocorriam na faixa etária da adolescência. Em 2000, o total aumentou para 18%.

“Mesmo hoje, nós não podemos dizer que está controlado. No Brasil, possuímos cerca de 500 mil partos em adolescentes com menos de 20 anos a cada ano. Precisamos chamar a atenção sobre anticoncepção e, depois que a adolescente está grávida, é importante ela fazer ou receber uma assistência. Ela precisa de um pré-natal de qualidade e multidisciplinar, pois se trata de uma paciente que está passando por grandes mudanças na vida”, explica a médica.

A Prefeitura de Ribeirão Preto, por meio do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (Paism) e Programa de Saúde da Criança e do Adolescente (Paisca), ampliou o acesso do adolescente nas unidades da rede de saúde municipal. Nesse modelo, são compartilhadas, com os pais ou responsáveis, orientações e consulta médica precoce para utilização dos métodos contraceptivos. Em 2018, foi mantida a oferta dos métodos contraceptivos existentes e foi implantado o método de longa duração para os adolescentes (Implante Subcutâneo).

A promessa é de que, em 2019, seja ofertado outro método de longa duração (Dispositivo Intra Uterino Hormonal).

A Secretaria Municipal da Saúde diz que fornece programas para a educação das pessoas em relação à gravidez precoce. São realizados projetos nas escolas municipais, programas, atividades nas unidades da rede municipal de saúde e ampliação da oferta dos métodos contraceptivos com a implantação do oferecimento dos métodos de longa duração para mulheres vulneráveis, incluindo adolescentes.

Conheça as histórias de mães na adolescência e também após os 30.


Foto: Pixabay

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