Homem de 62 anos visita próprio túmulo no Cemitério da Saudade, em Ribeirão Preto
Luiz Roberto Rossi de Lucca há sete anos se prepara para a morte
Em uma das entradas do Cemitério da Saudade, em Ribeirão Preto, Luiz Roberto Rossi de Lucca, o “Robertinho do Som”, procurava por velas. Um sujeito que apesar da boa saúde, estava ali para visitar o próprio túmulo no Dia de Finados.
Afirmando que o que morre é somente a carne e não o espírito, Robertinho, aposentado de 62 anos, já comprou túmulo, caixão e até placa de identificação há sete anos. Tudo isso para evitar que a família tivesse dor de cabeça.
Para ele, a morte não é motivo para pânico. "Eu tenho medo da vida aqui nesse planeta, porque na morte, o corpo fica e você vai para um lugar melhor”, contou.
Quando as pessoas passam pelo túmulo e leem a placa com a data de nascimento e a frase "e a vida continua" a princípio estranham, mas, depois de um tempo, compreendem que ele só está se preparando para o inevitável. “Eu já me conformei e doutrinei meus filhos que um dia nós vamos morrer, então não sou louco, louco é aquele que pensa que não vai morrer e que vai ficar aí para o resto da vida”.
O ex-sonoplasta procura meios para fazer uma espécie de QR code no túmulo, que já é feito em São Paulo, com um vídeo, para que ele grave sua história deixando um pouco do passado registrado para as próximas gerações. Assim, bastaria o visitante apontar a câmera do celular para o código na lápide, que receberia o vídeo de Robertinho em vida.
Cemitério da Saudade
O túmulo de Luiz é um dos 7.604 jazigos do cemitério, que contém cerca de 135 mil mortos sepultados. Fundado em 30 de setembro de 1893, o cemitério da saudade possui 110 mil metros quadrados e tem previsão para receber de 40 a 50 mil pessoas neste feriado, dada a divisão do movimento no fim de semana. De acordo com Andréia Cardoso, da administração do cemitério, o movimento da última segunda-feira, 1º de novembro, foi maior do que desta terça, 2.
Foto: Laura Oliveira