Moradores e comerciantes reclamam de descuidos no Calçadão
Descarte incorreto do lixo, pouca limpeza e ambulantes são algumas das contestações de quem vive no Centro de Ribeirão Preto
Quem vive no coração de Ribeirão Preto, no Calçadão da cidade, frequenta o espaço junto a milhares de pessoas que passam pelo Centro diariamente. Entre os cidadãos, há pedestres, comerciantes, moradores de rua e tantos outros que moram ou trabalham no local. No entanto, a alta concentração da população tem trazido problemas aos habitantes.
Um comerciante e morador do local, que pediu para não se identificar, é dono de uma loja localizada em uma das ruas adjacentes ao Calçadão. Ele chega toda segunda-feira, por volta das 7h, para preparar a abertura de seu estabelecimento, às 9h. De acordo com o comerciante, todas as segundas-feiras ele encontra uma grande quantidade de lixo encostada no poste de iluminação, bem em frente à sua loja.
“Isso é obra de moradores e dos próprios comerciantes que colocam lixo aqui antes do tempo, deixando essa bagunça toda vez que eu chego”, diz o morador. “Às vezes tem até comidas no chão, de restaurantes daqui mesmo. Para piorar, passam andarilhos e rasgam os sacos de lixo e depredam as lixeiras”, ele completa, apontando para os restos de comida no chão, enquanto um funcionário da Estre chega ao local para recolher o lixo.
Descarte incorreto do lixo, a falta de limpeza do piso do Calçadão, comerciantes ambulantes, locomoção de ciclistas em lugares indevidos, grupos de skatistas que desgastam bancos e a presença de andarilhos e dependentes químicos no local são algumas das contestações de moradores e comerciantes do Centro de Ribeirão Preto.
Uma das instituições que buscam acionar o poder público para tentar resolver os problemas oriundos das reclamações da comunidade do Centro é o Conselho Comunitário de Segurança, o Conseg. Com o objetivo de reportar as demandas da população e aumentar a segurança coletiva no local realizando reuniões mensais, a presidente do conselho 1 do Centro, Bernadete Araújo, ressalta que o Calçadão deveria representar um legítimo espaço turístico de Ribeirão Preto.
“Queremos que o Calçadão seja um espaço belo, onde todos possam usufruir como passeio turístico, familiar, honrando e preservando sua história”, opina a presidente. "E não uma pista de skate, uma ciclovia com lixos espalhados durante todo o dia, esperando o caminhão recolher", adiciona Bernadete.
Francisco Risso é membro efetivo do Conseg e síndico de 18 prédios em Ribeirão Preto, cinco deles no entorno do Calçadão. Ele afirma trabalhar incansavelmente, durante toda a semana, para assegurar a harmonia de cada estabelecimento. Apaixonado pelo espaço no coração da cidade, Francisco ressalta que o local é seguro, porém constrangedor à população.
“Eu adoro morar aqui e me sinto seguro. Temos as câmeras olhos de águia, que são excelentes. O problema é a falta de controle, de cuidado, de fiscalização de casos irregulares que vemos diariamente por aqui”, explica o síndico. “É preciso padronizar a limpeza do piso do Calçadão, que fica por conta das lojas, que molham a calçada inteira, colocando em risco a segurança dos pedestres deixando um ambiente feio à população, sem contar as manchas e mau cheiro deixados por resíduos orgânicos do lixo”, ele completa.
Em um passeio pelo Calçadão, Francisco aponta os principais problemas que podem ser vistos logo pela manhã no local. Segundo o síndico, há 1,5 mil licenças para comércios ambulantes em Ribeirão Preto, todas de origem duvidosa. Ele ressalta que a presença dos comerciantes atrapalha demasiadamente o fluxo de pedestres pelo local.
Além disso, o síndico mostra diversos assentos danificados por skatistas que frequentam o espaço constantemente. “Não dá nem para contar todos os bancos que eles depredam só para deslizarem por aqui. Por ser um lugar aberto, eles preferem vir aqui do que em parques menos seguros”, explica Francisco.
O Portal Revide entrou em contato com a Prefeitura de Ribeirão Preto, a respeito das contestações da população em relação à manutenção do Calçadão. Em nota, a Coordenadoria de Limpeza Urbana informou que não existe problema com a coleta na região Central e que ela é realizada diariamente.
Além disso, o comunicado diz que “havia um banco danificado que já foi consertado” e que a atividade dos comerciantes ambulantes no local “é proibida no quadrilátero Central, conforme legislação municipal”.
Por fim, a prefeitura afirma que “a Fiscalização Geral do Município monitora o local com a presença da Guarda Civil Municipal e a Polícia Militar, inclusive realiza ações conjuntas com as forças de segurança para inibir a atividade irregular”.
*Com supervisão de Marina Aranha.
Confira abaixo imagens das irregularidades encontradas pelo Calçadão:
Fotos: Pedro Grossi
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