Garotos de Ribeirão Preto sonham em ser coletores de lixo
Caio e Miguel são apaixonados pelo trabalho exercido pelos coletores

Garotos de Ribeirão Preto sonham em ser coletores de lixo

Apaixonados pelo trabalho exercido pelo lixeiros, Caio e Miguel provam que a simplicidade pode fazer a diferença

Os coletores de lixo são comumente chamados no Brasil de lixeiros. São os profissionais da limpeza urbana que trabalham na coleta do lixo, frequentemente auxiliados pela presença de um caminhão de coleta.

Em Ribeirão Preto, dois garotos chamam a atenção pelo tanto que admiram esses trabalhadores. As crianças são apaixonadas pela função exercida pelos coletores – que ao passar pelas casas dos meninos e ao receberem o carinho dos pequenos se sentem mais do que realizados pela forma pura do tratamento que recebem. 

A mãe do pequeno Caio, de 4 anos, Flávia Baptista, conta que o amor do menino começou muito cedo. “Desde bem pequeno ele via o caminhão de lixo e já ficava eufórico. Meu filho sempre pediu para nós acompanharmos o caminhão pelas ruas e quando não conseguíamos por conta de compromissos, ele já se desesperava e dizia que seria igual aos coletores. Assim que percebeu que todo sábado eles passavam na rua de casa, o Caio passou a esperar os rapazes para entregar o lixo pessoalmente. Ou seja, desde que ele nem falava, já apontava para o caminhão com um sinal de carinho”, diz.

A analista financeira diz que para ela o importante é a relação de respeito e amor que o Caio tem pelos coletores. “Ninguém nunca falou pra ele ou obrigou ele a gostar do lixo. Foi algo natural. É muito importante ver a lição de vida, o respeito e o amor ao próximo que já tem refletido efeito no Caio. Vivemos em um mundo de discriminação e disputa e infelizmente o trabalho dos coletores não é valorizado, mas percebemos que existe um respeito e vem de uma criança que tem o coração puro. O mais importante para nós é saber do amor que ele tem gratuito pelos coletores. Uma semente que eu e o meu marido temos colocado no coração dele”, conta.

É tanto amor que até o aniversário de quatro anos do pequeno foi feito com decoração em homenagem aos coletores. “Existe uma relação de amizade com os coletores, pois todo sábado ele espera no portão para ajudar, colaborar e jogar o lixo no caminhão. Vemos que a educação que damos para ele já tem surgido efeito. Que é dar amor ao próximo”, comenta Flávia, que, junto do Marido, encarou o espírito da festa e também se caracterizou.

Outra criança amante do serviço realizado pelos coletores é Miguel Silva Campos, de quatro anos, que, segundo seu pai, desde os dois anos de idade acompanha o trabalho exercido pelos coletores em Ribeirão Preto.

De acordo com o pai, Alexandre Campos, desde que tinha dois anos, Miguel, ao ver os lixeiros passarem na rua de sua avó, quer ser como eles. “Toda semana, depois da escola, ele almoça e vai para rua esperar e ver o caminhão e os coletores. Essa é uma atividade que não pode ficar de fora da rotina do meu filho”, diz.

Ele conta que existe uma relação de amizade entre Miguel e os rapazes da limpeza. “Ele oferece água para os trabalhadores, conversa bastante, admira muito o trabalho exercido pelos coletores. Tanto que hoje, se perguntar o que meu pequeno vai ser quando crescer as opções são: coletor de lixo, dançarino ou bombeiro. Coisas bem variadas”, brinca.

As crianças em geral têm como super-heróis os personagens dos quadrinhos, mas os de Miguel são responsáveis por ajudar a sociedade real. “Satisfação em vê-lo admirar os coletores pelo trabalho de limpeza e a dedicação ao que fazem, correm no sentido literal e prático de sua profissão em prol do próximo, para deixar a cidade limpa”, conta. 

“Me lembro de uma história em que no final do ano passado arrumamos uma cesta básica para cada um dos coletores que o Miguel conhece. Ele quis que comprássemos chocolate, refrigerante e até panetone para todos, fizemos isso e foi um barato o dia da entrega, vê-lo junto com seus priminhos entregando e doando isso tudo. Foi gratificante para nós”, finaliza o pai. 


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