Grupos de caronas de Ribeirão Preto continuam movimentados
Apesar da repercussão do caso da jovem que morreu após combinar carona no WhatsApp, os grupos continuam movimentados em Ribeirão

Grupos de caronas de Ribeirão Preto continuam movimentados

De acordo com a lei, realizar transporte remunerado de pessoas sem licença é considerado infração média

Após a morte da jovem Kelly Cristina Cadamuro, de 22 anos, que foi assassinada por um homem, após oferecer carona combinada pelo aplicativo WhatsApp, as pessoas ficaram mais alertas em relação aos perigos dessa prática.

Apesar disso, e de toda violência e repercussão do caso, muitos continuam oferecendo e procurando caronas nos grupos on-line. Uma pesquisa rápida na internet, mostra que existem diversos grupos que disponibilizam espaço para as pessoas que procuram este tipo de "serviço" em Ribeirão Preto, seja gratuito ou pago. Os destinos mais populares são cidades universitárias, como São Carlos e Araraquara, com mais de 10 mil membros em cada grupo.

Os custos das caronas chegam a custar 50% mais barato do que as passagens convencionais de ônibus, atraindo cada vez mais usuários. A praticidade também é uma vantagem para os interessados, que combinam as caronas, valor e local de encontro, por meio de aplicativos e mídias sociais. 

Usuários 

Daiane Silva costuma sempre oferecer caronas nos grupos. A estudante cobra R$ 15 dos interessados, que geralmente são conhecidos da faculdade. "Eu tive poucos problemas com as caronas, mas, algumas amigas já sofreram assédios durante as viagens", relata.

Por ser mulher, Daiane considera que a notícia da morte da jovem a impactou um pouco. Ela sempre buscou ter cuidado nos momentos da negociação das caronas, mas hoje sente mais medo. "Comecei a dar preferência para meninas e nunca realizar viagens sozinhas com um homem", finaliza a jovem.

Já a estudante Larissa Tassin, de 23 anos, utiliza com frequência a carona oferecida nestes grupos. Ela estuda em Ribeirão Preto e volta pra sua cidade, São Carlos, a cada 15 dias. "Eu tenho um critério: geralmente procuro pegar carona com mulheres ou quando tem alguma mulher no carro", diz.

Além disso, Larissa também procura olhar nas redes sociais das pessoas que está oferecendo. "Sempre olho o Facebook para ver quantos amigos temos em comum, o que posta e qual é a postura dessas pessoas", conta a estudante.

Larissa afirma que ficou chocada com a notícia e com medo, mas o que mais surpreendeu foi a repercussão e os comentários relacionados ao caso. "Porque é uma mulher sozinha que deu carona para um homem os comentários estão sendo muito machistas. Eles estão culpando a vítima e não o assassino", finaliza.

A lei

De acordo com o parágrafo 8º do artigo 231 do Código de Trânsito Brasileiro, realizar transporte remunerado de pessoas sem licença é considerado infração média. No caso, de acordo com o parágrafo 5º do artigo 147, é necessário que o motorista tenha marcado em sua habilitação que exerce atividade remunerada. Além disso, conforme o artigo 135 do CTB, veículos destinados ao transporte de passageiros, deve estar emplacado com a placa vermelha.

Segundo a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado (Artesp), que faz a fiscalização de serviços de transportes nas rodovias do Estado de São Paulo, em viagens intermunicipais rodoviárias dentro do Estado de São Paulo, mesmo que em carro particular, se for constado pela fiscalização da Artesp que os passageiros pagaram pela viagem, é caracterizado transporte irregular. Neste caso, a viagem será interrompida e o veículo apreendido, além do motorista ter que arcar com os custos da multa.


Fotos: Pixabay/Arquivo Pessoal

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