Insônia afeta mais de 30% da população

Insônia afeta mais de 30% da população

Falta de sono está atrelada a diversas razões; Confira dicas para ter uma noite bem dormida

Com o estigma da quantidade de horas mal dormidas, a insônia não é só um problema noturno, mas também gera queixas durante o dia, prejudicando as atividades profissionais, sociais e familiares quando esse estado perdura por mais de seis meses. Segundo estatísticas, mais de 30% da população mundial sofre de insônia.

De acordo com o médico psiquiatra Leonard F. Verea, a insônia é um efeito ligado a situações mal resolvidas ou não resolvidas, acumuladas ao longo do dia, resultado de eventos estressantes em que o acúmulo de tensão e ansiedade é evidente, como a morte em família, problemas financeiros, mudança de emprego ou problemas matrimoniais.

Partilhando do mesmo pensamento do médico, a mestre em psicologia Ana Flávia de Oliveira Santos diz que há critérios diagnósticos para avaliar a insônia em seus diferentes subtipos, se de causa orgânica ou devido a fatores emocionais, associada ou não a outros transtornos, além de ser necessário se considerar a particularidade de cada pessoa. “Estudos apontam alguns fatores de risco, tais como o envelhecimento, doenças clínicas ou ocorrência de transtornos mentais. Ainda, fatores estressantes, tais como mudanças, perdas e doenças podem levar à insônia,” relata.

Causando prejuízos físicos, psicológicos e sociais, a psicóloga comenta ainda que pode haver alteração do humor, das funções de atenção, concentração, memória, fadiga e irritabilidade, o que compromete a qualidade de vida da pessoa.

Abordando vários tratamentos para amenizar esta causa, Verea explica que ao longo do tratamento, utiliza a ferramenta da hipnose para conseguir entrar em contato com as estruturas inconscientes, analógicas, irracionais da mente do paciente, conseguindo ajudá-lo a encontrar novas válvulas naturais de descarga da tensão acumulada, deixando assim de somar essa energia negativa, melhorando a qualidade de vida, a autoestima, o repouso e o desempenho no seu cotidiano.” O processo é considerado uma terapia breve, que dura alguns meses. Normalmente não são indicados medicamentos, e os resultados são plenamente satisfatórios na maioria dos casos”, comenta.

Já a mestre em psicologia afirma que a psicoterapia e a psicanálise podem contribuir para a compreensão do funcionamento mental da pessoa que sofre com a insônia, auxiliando no desenvolvimento de uma condição de maior continência às experiências vivenciadas. “A psicoterapia deve ser indicada quando se identificam fatores emocionais levando à alteração do sono”, destaca.

Sono

Cada pessoa tem uma necessidade diária de sono, alguns indivíduos precisam dormir de seis a oito horas, já outros se sentem mal se não tiverem mais de nove horas de sono. Porém, não é ideal dormir muito, pois o que vale é a qualidade do sono, deixando assim a pessoa disposta para exercer as atividades apresentadas.

O psiquiatra frisa que há uma teoria de que as pessoas precisam dormir oito horas por dia, mas, uma boa noite de sono é aquela em que há o tempo certo para repor as energias. E é individual. Os idosos, por exemplo, dormem menos. As horas de sono são relativas.

Explicando melhor as horas dormidas pelos idosos, o geriatra Thiago Monaco, relata que enquanto bebês chegam a dormir de 16 a 20 horas por dia e adultos jovens de sete e oito horas, um idoso necessita, em média, de cerca de seis horas e meia de sono por dia. “Esta estimativa é uma média, havendo idosos com maior ou menor necessidade de sono,” relatou.

Ele destaca também que o sono do idoso normalmente tende a ser mais superficial que o do jovem, facilitando despertares noturnos pelas mais diversas causas. Entre elas, que o envelhecimento tende a “adiantar” o relógio biológico, promovendo um adormecimento e um despertar precoces. Isto explica a tendência de os idosos dormirem no início da noite e acordarem muito cedo, o que muitas vezes é caracterizado por eles como insônia.

Muitos são os problemas que podem ocorrer durante o sono, como insônia, apneia, sonambulismo, entre outros. Este distúrbio é um aspecto clínico ou um critério de diagnóstico relacionado a várias formas de psicopatologias, quase todas as condições de depressão ou ansiedade, associadas à dificuldade de iniciar ou manter o sono.

Pode ser ainda consequência de maus hábitos, como trabalhar ou estudar até a hora de se deitar, assistir a televisão até tarde e excesso de luz acesa. A alimentação e bebidas também podem interferir no sono. Café, chá preto, chimarrão, chocolate, guaraná e refrigerantes à base de cola contêm elementos que excitam o sistema nervoso. A nicotina do cigarro é prejudicial ao sono e, ao contrário do que se pensa, o álcool não o favorece.

Para melhorar o sono o geriatra dá algumas dicas. Confira:

1 - Não vá para a cama sem estar com sono;
2 - Não usar a cama para nada que não seja o sono ou o sexo;
3 - Se não conseguir pegar no sono em até 20 minutos depois de ir para a cama ou depois de um despertar noturno, saia da cama e vá para outro cômodo da casa, onde poderá – sem deitar – fazer alguma atividade, inclusive de luz acesa, até que o sono venha. Quando vier o sono, volte para a cama.
4 - Procure levantar pela manhã e sair da cama sempre no mesmo horário;
5 - Evite cochilos durante o dia, pois em pacientes com insônia noturna, especialmente quando percebemos a insuficiência das horas noturnas de sono, os cochilos diurnos são um obstáculo, pois promovem um repouso que atrapalhará a necessidade noturna de sono e por esta razão devem ser evitados.

Revide On-line
Laura Scarpelini
Fotos: Arquivo Revide

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